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Ovo líquido ou em pó é o novo negócio da AB Brasil

<p>Paulo Soffel, presidente da AB Brasil, diz que o plano é chegar ao varejo de supermercados e conquistar o consumidor.</p>

Redação (01/12/06) – A Associated British Foods (ABF), dona do fermento Fleischmann e da grife de chás Twinings, decidiu apostar no mercado de ovos. Só que a multinacional inglesa não vai vender um ovo convencional, que vem naquela frágil casca branca ou marrom. A gigante do consumo, com vendas mundiais na casa dos US$ 10 bilhões, agora produz ovo em pó e líquido, envasado em garrafas PET ou em embalagem longa vida. A companhia entrou no setor discretamente, ao comprar a brasileira e familiar Sohovos, por R$ 60 milhões. Em menos de um ano e com investimentos de R$ 15 milhões, construiu uma fábrica no mesmo terreno da atual, em Sorocaba (SP). A nova unidade, a ser inaugurada em 8 de dezembro, duplica a produção para 40 mil toneladas ao ano e dá à multinacional condições de ampliar o leque de clientes – hoje restrito às grandes indústrias como Sadia, Unilever, Arcor, Danone e Bimbo. “A estratégia é levar o ovo pasteurizado (líquido ou em pó) ao mercado de food service, passando a atender restaurantes, padarias e hotéis”, diz Paulo Stoffel, presidente da AB Brasil, subsidiária da ABF.

Há um espaço enorme para crescer: o segmento de food service consome 25% do mercado de ovos e, desse total, a forma pasteurizada representa somente 1%. Depois de consolidar-se no segmento de food service, a empresa tentará chegar ao varejo de supermercados e fisgar o consumidor. “Estamos desenhando um projeto e em dois ou três meses teremos um modelo mais definido “, afirma Stoffel. No exterior, é comum encontrar ovos pasteurizados em caixinhas nos supermercados. “Até porque em alguns países, como na Espanha, há uma lei que proíbe o uso do ovo num cozimento abaixo de 80 C”, afirma o executivo. A idéia da AB Brasil é fazer da Sohovos um negócio promissor dentro do grupo – que já atua em 41 países, basicamente no ramo de alimentos, apesar de ter um pé no varejo de vesturário com a marca Primark. “Não temos nada parecido com a Sohovos e podemos expandir no exterior”, diz Stoffel.

A maior fabricante de ovos pasteurizados do mundo é a Michael Foods, que tem 75 anos e faturou US$ 308,9 milhões no ano passado. Fundada há 35 anos pelas mãos de três estudantes recém formados – que trouxeram de uma viagem uma máquina que separava a gema do ovo -, a Sohovos cresceu atendendo as exigências do mercado externo. Para agradar os venezuelanos, que gostam de uma maionese amarelo claro, a empresa determina que uma parte de seus 18 granjeiros – estabelecidos na região de Bastos, no interior de São Paulo – alimentem as galinhas com sorgo e não com milho. “Pode parecer um detalhe, mas a alimentação faz toda a diferença na cor da gema”, observa João Marcelo Furlan, gerente de marketing da empresa. Ele acrescenta, ainda, que as aves também não podem ser medicadas com antibióticos, para não afetar a industrialização dos ovos. Até porque, como lembra o executivo, uma das vantagens do ovo pasteurizado é a segurança alimentar. Ele é, por exemplo, isento de salmonella. A bactéria, que pode estar presente na gema do ovo, causa intoxicação alimentar e, em casos graves, pode matar. Ovos em caixas ou em embalagens PET tem duas vezes mais tempo de vida útil que ovos em casca.