Redação (31/10/06) – Para discutir e tirar dúvidas sobre as duas doenças, a Superintendência Federal de Agricultura no Ceará (SFA-CE), a Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e o Conselho Regional da Faculdade de Medicina do Ceará, promovem, até hoje, o Fórum de Discussão e Avaliação do PNCEB. A brucelose e a tuberculose preocupam, principalmente, por serem zoonoses (transmissíveis do animal para o homem). Atualmente, no Ceará, a SFA tem registrados 551 casos positivos de brucelose e 297 de tuberculose.
Para o chefe do Serviço de Defesa Sanitária Animal (Sedesa), Simplício Alves, o ideal seria que não houvesse nenhum caso. A priori, qualquer número é alto, por se tratar de um problema de saúde pública. Segundo Alves, quando detectada a doença, o sacrifício torna-se a única solução viável, até pelo risco de contaminação humana. De acordo com a veterinária do Sedesa, Ana Paula Morano Marques, as doenças são transmitidas para o ser humano por meio da carne, leite, queijo e outros derivados de bovinos ou bubalinos.
Além disso, outra dificuldade acarretada com as zoonoses são as barreiras sanitárias impostas, principalmente, pelo mercado externo. O Programa objetiva habilitar veterinários para tratar do controle da tuberculose e brucelose. Outro objetivo importante é a vacinação dos animais de três a oito meses. O PNCEB começou a ser desenvolvido no Ceará em 2005. Dentro das medidas adotadas, está a realização de cursos destinados a veterinários autônomos, com o objetivo de padronizar as técnicas de diagnóstico das doenças cursos estes, promovidos em todo País. Dessa forma, teremos produtos de qualidade para o consumidor e de competitividade no mercado internacional.
Nesse sentido, ministrou palestra no primeiro dia do Fórum, o coordenador geral do Programa em Brasília, Geraldo Teixeira. Segundo ele, o Brasil ainda está em processo de levantamento dos números das doenças nos Estados. A partir desses números vamos estabelecer propostas de controle, diz o coordenador, explicando que, simultaneamente, já acontecem ações do PNCEB em todo o País. De acordo com ele, somente Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná iniciaram os levantamentos de tuberculose. Em relação à brucelose, os números estão mais adiantados e, de acordo com Teixeira, Mato Grosso é o Estado que apresenta a situação mais preocupante. No Ceará, conforme Simplício Alves, foram executados trabalhos em 139 municípios. Nestes, 43.293 animais foram examinados. No total, 551 cabeças tiveram resultado positivo para brucelose e 297 para tuberculose no primeiro caso, 493 foram sacrificados e outros 210 no segundo caso. Alves conta que muitos proprietários se negam a sacrificar seu animal, tendo a SFA-CE que recorrer à Justiça para executar as medidas. Ainda segundo ele, o Ceará não possui nenhuma propriedade certificada contra as doenças. Fatores como esses, geram dificuldades na comercialização de produtos brasileiros.
SERVIÇO:
Curso de Controle da Brucelose e Tuberculose. Contatos na Faculdade de Veterinária da Uece, com Pompéia, (85) 3101-9831. Em casos de animais doentes, o produtor pode procurar a Adagri, (85) 3101-2500.
Curso é primeiro passo para melhorar índices
Segundo o coordenador geral do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose (PNCEB), Geraldo Teixeira, Rússia e a União Européia são mercados que já impõem restrições à importação de carne e produtos lácteos brasileiros por conta da brucelose e tuberculose. Atualmente, nenhum Estado do Brasil alcançou a erradicação das duas doenças.
Em busca desse controle, o curso destinado aos veterinários, como parte do PNCEB, podem ser um primeiro passo para melhora nos índices do País. No Ceará, o curso é promovido pela Faculdade de Veterinária da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Hoje, está em sua quinta turma, cada uma com 20 alunos. A duração é de uma semana, com aulas teóricas e práticas.
Depois de concluir a capacitação, os médicos são certificados pelo Ministério da Agricultura (Mapa) e ficam aptos a atuar nos exames e diagnósticos das doenças. O ideal, segundo a professora Adriana Wanderley de Pinho Pessoa, é que além dos profissionais autônomos, veterinários de órgãos fiscalizadores, como Agência de Defesa Agropecuária (Adagri), também sejam capacitados.
Os sintomas da tuberculose são: emagrecimento do animal, queda na produção de leite e falta de ânimo. Já a brucelose, em muitos casos, em nada altera a aparência saudável dos animais. O sintoma mais visível é o aborto, o animal não consegue segurar o feto. Por isso, para essa doença, o exame é imprescindível.