Redação (28/09/06)- O presidente da Abag, Carlo Lovatelli, abriu nesta quarta-feira (27) o Fórum Sustentabilidade no Agronegócio. Reunir ganhos econômicos, ambientais e sociais é uma tendência mundial e muitas empresas têm incorporado estratégias de gestão em seus negócios para atender pressões de um mercado cada vez mais exigente e consciente das questões ambientais. O tema escolhido pela Abag não só é atual como mostra que o agronegócio precisa alocar novas regras e atender aos pré-requisitos exigidos, alertou.
Lovatelli anunciou também a criação de uma organização não-governamental, dentro de 30 a 60 dias, formada pelas empresas que formam a Abag e Abiove com o objetivo de debater os problemas de sustentabilidade na agricultura brasileira. “Queremos ser mais pró-ativos nesta questão e falar a mesma linguagem das ONGs internacionais que atacam o agribusiness brasileiro mas não tem idéia do que é, por exemplo, a Amazônia Legal “, disse. Segundo ele, 47% da área considerada Amazônia Legal são de terras devolutas, do governo, onde não existe lavouras e nem houve qualquer ação dos sojicultores.
A questão sustentabilidade também foi bem definida pelos três palestrantes convidados pela Abag: o gerente de Meio Ambiente do Grupo Maggi, Ocimar Villela, o biólogo e proprietário da Amata Brasil, Roberto S. Waack e o professor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, Jacques Marcovitch.
Ocimar Villela, que há cinco anos foi convidado pelo Grupo Maggi para gerenciar o Departamento de Meio Ambiente, alertou que o Brasil não pode separar a agricultura familiar da agroindustrial. É muito perigoso colocarmos o agricultor familiar contra o grande produtor, porque com esta atitude tiramos o sonho de um dia o pequeno tornar-se grande. E, nós, do agronegócio, queremos que daqui a muitas gerações nossos netos e bisnetos continuem produzindo soja, de uma maneira sustentável e responsável.
Outra questão levantada por Villela foi em relação à Amazônia Legal. Ambientalistas europeus nos atacam e dizem que o agronegócio desmata a Amazônia mas no Mato Grosso apenas 25% de todo o território é ocupado por agricultura e 8% por pastagens e o aumento da soja ocorreu nos últimos anos por produtividade e não ocupação de área, lembrou.
Para combater as críticas de ONGs ambientais mais radicais, Villela resolveu ir até o inimigo e propor parcerias. Acreditamos que deve haver um relacionamento com todas as partes interessadas mas até hoje não recebi nenhum estudo de ONG alguma dizendo que determinado produto usado nas plantações de soja polui o rio. Se este estudo for apresentado, paramos de usar o produto, desafiou.
Villela conseguiu, no contato que fez com quatro ONGs, apenas o apoio de uma. O Instituto de Pesquisa da Amazônia (IPAM) fez uma parceria conosco para pesquisar e desenvolver critérios de produção responsável da soja, na Fazenda Tanguro, em Querência e mais recentemente o WWF suíço para participar da mesa redonda da soja responsável, disse.
O biólogo Roberto S. Waack definiu a sustentabilidade como um compromisso ético entre a geração atual e a futura e um fim que justiça um caminho e anunciou que para defender a sustentabilidade no Bioma Amazônia aceitou o desafio de ser presidente da ONG em formação e que será composta por grandes parceiros do agronegócio, associados da Abag e Abiove. Waack lembrou ainda que é preciso desenvolver novas rotinas de gestão do desenvolvimento sustentável, com regras estabelecidas e com uma visão de longo prazo.
Jacques Marcovitch, da FEA-USP, disse que era preciso ver o Brasil de fora para dentro e olhar o futuro com ações concretas. Expandir o conceito de sustentabilidade na formação dos jovens acadêmicos em todas as universidades. Precisamos transformar os colarinhos brancos em verdes. É a mediação de uma comunidade científica responsável que vai influenciar as ações entre empresas e comunidade”, finalizou.