Redação SI (28/09/06)- A produção industrial da unidade da Seara Alimentos, em Dourados, foi paralisada ontem com a greve da maioria dos funcionários que cobra uma série de benefícios trabalhistas, como reajuste salarial e participação nos lucros. A agroindústria abate de 1.700 a 1.800 suínos diariamente.
A paralisação começou às quatro horas na madrugada de ontem envolvendo mais de 500 trabalhadores do primeiro turno do dia. Segundo o sindicato da categoria, de 85 a 90% do pessoal cruzou os braços por tempo indeterminado. Um representante da matriz da Seara, em Santa Catarina, já está na cidade para iniciar as negociações, mas até as 15h de ontem não havia se manifestado.
Essa unidade da Seara, controlada pela multinacional norte-americana Cargill, emprega 1.950 funcionários, de acordo com o sindicato da categoria. Era de madrugada quando o movimento começou. Os funcionários do turno das 4 horas não entraram para trabalhar, ficando concentrados em frente da unidade, na BR-163.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Alimentícia de Dourados, Francisco Conceição, os grevistas reivindicam reajuste salarial de 13,6%; cesta básica no valor de R$ 70; reformulação do plano de participação financeira nos resultados da empresa, com pagamento de R$ 580 anuais; revisão do plano de saúde; e redução do esforço de produção. “Alguns funcionários recebem um valor líquido de R$ 320, inferior ao salário mínimo”, afirmou o dirigente sindical.
As negociações com a Seara vêm se desenrolando desde março deste ano, quando o sindicato encaminhou a sua pauta de reivindicações salariais, segundo explicou Conceição ao Correio do Estado. Mas não houve resposta da indústria. “Somente agora, com a possibilidade da greve, é que a Seara se manifestou”, comentou.
A multinacional ofereceu 4,25% de reajuste aos funcionários com salário de até R$ 1.050. Para os que recebem uma remuneração maior, a reposição seria de 2% retroativos a maio, e mais 1,34% a partir a setembro. Os benefícios seriam complementados com uma cesta básica de R$ 30 em outubro e outra no mesmo valor em fevereiro de 2007. Sobre os demais pedidos, não houve manifestação.
A adesão dos trabalhadores foi maciça no primeiro dia de paralisação. Apenas os administrativos e funcionários mais graduados entraram na Seara para trabalhar. A troca de turno deveria ocorrer às 14h, mas os grevistas se concentraram em frente da indústria, o mesmo ocorrendo com aqueles que entrariam às 21h. Nesta madrugada, eles voltam a se aglomerar no local.
Policiais rodoviários federais e uma viatura da PM ficaram posicionadas nas proximidades do portão da Seara, que contratou seguranças particulares para fazer a proteção na entrada, mas não houve incidentes, porque os manifestantes não tentaram ocupar a empresa.
Produção
A Seara possui nove unidades produtivas no País, sendo sete de aves e duas de suínos. A de Dourados com 2.120 funcionários, segundo o site da empresa, produz linguiças, frescas, salsichas, mortadela, salames, defumados, quibes, hambúrgueres, almôndegas, linguiças curadas, suínos inteiros, miúdos e cortados, desossados e matéria-prima. Em Sidrolândia, a produção é de frangos em miúdos, cortados e desossados, possuindo 2.122 trabalhadores.
As outras indústrias se localizam em Nuporanga(SP), Jacarezinho (PR) e em Santa Catarina: Itapiranga, Jaraguá do Sul, Forquilha e em Seara, com dois frigoríficos de aves e suínos. A empresa exporta para África, América Central, América do Norte, América do Sul, Ásia, Caribe, Cingapura, Europa-Mar do Norte, Europa-Mediterrâneo, Hong Kong, Ilhas Canárias, Japão, Leste Europeu, Oceania, Oriente Médio-Golfo, Oriente Médio-Mar Vermelho e Rússia.