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Cultivo de soja deve cair 15% no triângulo mineiro

<p>Deixarão de ser cultivados cerca de 37 mil hectares do grão.</p>

Redação (19/09/06)-  cultura da soja na região, que compreende Uberlândia e outros 20 municípios, deve sofrer nesta próxima safra uma redução na área de cultivo de aproximadamente 15% em relação à safra 2005/2006, quando foram plantados 251 mil hectares. Deixarão de ser cultivados cerca de 37 mil hectares do grão. Segundo dados da Emater-MG, no Estado, o percentual é estimado em cerca de 10%, ou seja, do total de 1 milhão de hectares, 95 mil devem ser usados para plantio de outras culturas. O principal motivo alegado pelos produtores é o baixo preço praticado pela saca do produto, hoje cotado a US$ 11, cerca de R$ 23, enquanto o milho, por exemplo, embora custe US$ 6 aproximadamente R$ 13 hoje é comercializado a R$ 16 e tem um custo de produção muito aquém da soja.

De olho não somente no preço do milho, mas também na cana para produção de açúcar e álcool que promete bons rendimentos para os próximos anos e ainda nas pastagens para criação de gado de corte – para atender ao frigorífico da Sadia que será instalado em alguns meses -, os produtores vislumbram a possibilidade de recuperar parte do prejuízo acumulado pela sojicultura nas últimas safras. Atento aos problemas que a mudança pode acarretar, o engenheiro agrônomo e consultor agrícola Baltazar Reis Fiomari – que presta assessoria para 20 produtores que juntos plantam 55 mil hectares de soja nos Estados de Goiás, Bahia e Minas Gerais – recomenda cuidado aos sojicultores na hora de decidir a migrar para uma nova cultura. O milho, conforme avalia, pode apresentar bons resultados hoje, mas, na hora de colher, se houve oferta maior que a procura, a decepção pode ser igual ou maior que a vivida com a soja neste momento.

Embora a cotação da saca de soja no mercado internacional seja uma das melhores nos últimos 10 anos, segundo Baltazar, o problema é a valorização do real que se tornou uma moeda forte. “Hoje a soja custa, em média, US$ 11, o que pelo histórico é um preço bom. Mas o produtor tem que pagar a conta em reais. Planta com dólar em alta e colhe com dólar em baixa. É prejuízo certo”, contabiliza. Já o milho é comercializado no mercado interno e, embora tenha uma cotação estabelecida em dólar, não sofre tanto com a variação do câmbio. “Porém, depois de 180 dias, na hora de colher, pode haver um excesso do produto no mercado o que pode forçar a queda do preço”, advertiu.

O ideal seria que o produtor continuasse produzindo a soja e estabelecesse formas de congelar o preço da dívida. “Ele vai fazer a compra dos insumos e estabelecer que pagará em sacas de soja ou milho, por exemplo”, apontou. Assim, se a dívida for de duas mil sacas de soja ou milho, na data do pagamento o produtor terá apenas o trabalho de entregar o produto ao credor. “Se o preço da saca subir, ele não ganha, mas também se cair o produtor não vai quebrar”, comparou. Segundo Baltazar, hoje a maioria das empresas já aceita o escambo como forma de pagamento para manter-se no mercado sem prejuízos.

Medo de desabastecimento:

O consultor Baltazar dos Reis Fiomari avalia que, devido à grande quantidade de indústrias e empresas que dependem de grão instaladas em Uberlândia, se houver a migração da cultura, em pouco tempo haverá a necessidade de importar soja de outras regiões do País. “Nos próximos cinco anos, por exemplo, podemos nos transformar em uma cidade como Ribeirão Preto que foi tomada pela cana-de-açúcar. Houve desenvolvimento, mas também houve a necessidade de importar grãos”, advertiu. O ideal, conforme aponta, seria que o governo federal controlasse de forma eficaz a produção de grãos para evitar problemas na hora de comercializar. “Esta é uma política adotada pelos Estados Unidos e que deu certo”, detalhou.