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UE começa a ceder e propõe cota de 322 mil t para frango

<p>Segundo fontes do setor, o volume equivale a negócios da ordem de US$ 600 milhões a US$ 700 milhões por ano.</p>

Redação AI (14/09/06)- A União Européia (UE) começou a oferecer cotas que vão na direção do que Brasília pede para as exportações de peito de frango salgado e carne industrializada de frango e de peru, em negociação bilateral ontem na Organização Mundial do Comércio (OMC). De acordo com nota divulgada pelo presidente da Coopercentral Aurora, José Zeferino Pedrozo, nas propostas para definição de cotas, a comunidade européia “evoluiu das 231.168 toneladas de cota global para 322.764 toneladas”. Essa cota é composta por 170.844 toneladas de cortes salgados, 64.580 toneladas de frango processado (industrializado) e 87.340 toneladas de carne de peru processada.

Segundo fontes do setor, o volume equivale a negócios da ordem de US$ 600 milhões a US$ 700 milhões por ano. Pedrozo obteve as informações com negociadores brasileiros em Genebra. Mas, na capital suíça, eles evitaram falar em cifras com jornalistas e afirmaram que o volume total das cotas para o país poderia variar entre 300 mil e 400 mil toneladas. Insistiram que resta um “caminho a percorrer” para a UE elevar as cotas, e o Brasil fechar um acordo.

Mas o fato é que a situação mudou. “A UE alterou sua atitude. Antes estava distante nos números e agora começou a convergir para nossas demandas”, disse o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), Ricardo Gonçalves.

Ontem, as discussões foram mais para calcular as cotas. Gonçalves quer resolver outros temas, como transparência na administração dos volumes. Um eventual acordo poderá ser fechado dentro de tres semanas, em nova bilateral em Genebra. Isso depende de concessões de Bruxelas, que a Abef considera fundamental para compensar os exportadores pela imposição do novo sistema europeu que freia a entrada dos produtos nos seus 25 países-membros.

Por esse sistema, Bruxelas estabelece restrições quantitativas com tarifas menores: 15,3% para o frango salgado, 10,5% para o frango processado e de 8,4% para os industrializados de peru. Fora das cotas, as exportações brasileiras serão submetidas à taxa de 1.024 euros por tonelada, o que reduz o ganho para o exportador.

A avaliação de negociadores é de que, no cenário atual das discussões, os exportadores não terão perdas em relação aos volumes passados que vendiam para o mercado europeu. O objetivo é minimizar perdas futuras, já que, sem a limitação do comércio, as exportações poderiam ter uma expansão superior nos próximos anos.

“O caminho a percorrer para fechar o acordo não é pequeno”, insistiu um diplomata. O presidente da Abef, por sua vez, preferiu não retomar as ameaças de trazer o caso a Organização Mundial do Comércio (OMC) se a UE não fizer as concessões pedidas. “Enquanto estivermos negociando, não há por que falar em disputa neste momento”, disse. Além do Brasil, a UE negocia com a Tailândia, o outro grande exportador de frango para a UE.

A obtenção de uma boa cota para o mercado europeu é ainda mais importante, na medida em que as exportações brasileiras de frango caíram 8% até agosto em relação ao mesmo período de 2005. No total, foram exportadas 1,726 milhão de toneladas. Em agosto, o volume vendido foi de 299 mil toneladas, num aumento de 12,7%.