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Frigorífico de suínos está parado no PR

<p>A unidade de abate e transformação da carne suína da comunidade de Volta Alegre, em Santa Izabel DOeste, está paralisada há cerca de dez meses.</p>

Redação SI (14/09/06)- Inaugurado em julho de 2003, o frigorífico possui uma ampla estrutura e registro no SIP/POA (Serviço de Inspeção do Paraná/Produtos de Origem Animal) que permitia a venda dos produtos para todo o Estado.

A agroindústria deveria estar gerando renda e empregos e arrecadando impostos, mas desde os primeiros meses de suas atividades vem enfrentando problemas. No ano passado um grupo de empresários assumiu o gerenciamento da unidade, mas não deu seqüência.

Audiência para discutir a situação e medidas a serem tomadas teria sido agendada para o dia 19 de setembro no Fórum de Realeza.

O frigorífico era mantido inicialmente por um grupo de dez produtores rurais. Eles contrataram um administrador que trabalhou de julho de 2003 a novembro de 2004.

Pedro Lemos dos Santos, produtor rural e um dos sócios da agroindústria, conta que em dezembro de 2004 os sócios se depararam com uma dívida da empresa que superava R$ 40 mil. O administrador se demitiu e de janeiro a maio de 2005 a unidade ficou parada, enquanto o grupo procurava parceiros para retomar o funcionamento.

Prestação de contas

A transferência da gestão para o grupo de empresários aconteceu em maio de 2005, com o apoio da administração municipal. Pedro, que exerceu o cargo de secretário de Agricultura de 2001 a 2004, relata que foram promovidas as primeiras reuniões com os produtores sócios em que foram apresentados os números da situação financeira.

Mas ele considera que os números não eram verdadeiros. Meses depois os sócios foram atrás dos empresários e teriam exigido que eles prestassem contas da gestão da agroindústria. Ele afirma que após a reunião do dia 25 de outubro o frigorífico paralisou suas atividades em novembro e ficaram várias pendências financeiras.

O produtor rural diz que a Câmara de Vereadores autorizou que a prefeitura pagasse estes recursos hoje estimados em R$ 14 mil. Tem produtor que vendeu porco em setembro e não recebeu, relata Pedro. Salários dos funcionários e encargos sociais referentes ao período de junho a outubro de 2005 ainda estariam pendentes. O incrível é que deixaram todo o estoque, como banha e outros produtos. Aí veio a Copel para cortar a luz, conta Pedro. Para evitar que os estoques fossem perdidos pelo corte do fornecimento de energia elétrica, os sócios foram vender as mercadorias. Com o dinheiro da comercialização eles teriam conseguir pagar parte dos salários dos empregados mais carentes.

Cerca de dez pessoas trabalhavam na unidade nos dias de abate. Essas pessoas trabalhavam em forma de prestação de serviço e residem na comunidade onde está instalada a agroindústria.

Pedro diz ter solicitado que a administração municipal realize o levantamento e que na seqüência as instalações sejam vendidas para saldas as dívidas e o restante seja destinado para repor o que foi colocado pelos sócios. As sobras da venda seriam destinadas ao Fundo Municipal de Agricultura. Na última conversa a gente colocou que os produtores, o município, todo mundo tá perdendo com esta briga, argumenta o produtor rural.

Correspondências expondo a situação da agroindústria foram encaminhadas aos deputados estaduais Luciana Rafagnin (PT) e Augustinho Zucchi (PDT).

Construção do frigorífico foi viabilizada pelo Pronaf

Os recursos financeiros para a implantação da unidade de abate de suínos e transformação em produtos foram pleiteados pelos agricultores familiares da comunidade de Volta Alegre e mais tarde pela Associação de Pequenos Agricultores ao Pronaf-Infra-estrutura, em 1999. A destinação dos recursos financeiros foi conseguida em 2001, com mais verbas, e tendo o apoio do município. A unidade possui 480 m, com corredores e pocilgas, começou a funcionar em julho de 2003, ainda com registro no SIM (Serviço de Inspeção Municipal), já que faltavam os equipamentos exigidos pelo SIP/POA, que não foram comprados pelo município como previa a parceria. Em janeiro de 2004, após longa negociação com o Banco do Brasil, foi conseguido o dinheiro visando a aquisição dos equipamentos. O registro no SIP/POA saiu em abril de 2004.

Para comercializar a produção do frigorífico, surgiu a Coafi (Cooperativa da Agricultura Familiar de Santa Izabel DOeste). Antes de suspender suas atividades, o frigorífico fabricava em média 15 produtos, como salame, copa, torresmo, linguicinha, banha, scudeguin e cortes que eram vendidos na região.

No intuito de ampliar as instalações do frigorífico, o grupo de sócios recebeu R$ 70 mil oriundos de emenda ao Orçamento da União, para ampliar a estrutura de abate de bovinos, pois o município não possui abatedouro oficial. O atual prefeito havia se comprometido de imediatamente à sua posse iniciar a construção do mesmo, pois algo que não aconteceu, os equipamentos para o abate de bovinos se encontraram depositados na sede da cooperativa, afirmam os sócios em correspondência enviada aos deputados Luciana Rafagnin (PT) e Augustinho Zucchi (PDT).

Prefeito diz que unidade foi mal administrada

Na opinião do prefeito Olívio Brandelero (PMDB), a unidade foi mal gerenciada. Olívio disse que o grupo de empresários está em situação difícil e que o município não pode investir em projetos que só trazem prejuízos, porque o dinheiro é do povo. O prefeito justificou que é necessário investir em projetos que tragam resultados para a população. Foram investidos quase R$ 500 mil na construção e compra dos equipamentos desta unidade.

Olívio aponta como proposta a realização de pesquisa com a população para ver que decisão tomar sobre a agroindústria. Ele frisou que nós vamos investir desde que se ache um grupo interessado em realmente administrar o frigorífico.

O prefeito disse que a administração municipal tentou encontrar grupos interessados em assumir a administração do frigorífico, mas não conseguiu. Ao ser indagado sobre a ampliação do frigorífico para possibilitar o abate de bovinos, Olívio reforçou que neste caso a administração municipal vai ajudar. Após as eleições, o prefeito deve fazer um contato com o secretário nacional de Agricultura Familiar, Valter Bianchini, visando discutir uma solução para a unidade agroindustrial.