Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Soja vai voltar a ser rentável na safra 2006/07

<p>A boa notícia é que os custos de produção caíram de forma significativa.</p>

Redação (24/08/06)- O resultado da conta ainda está justo. Em vez de prejuízo, como ocorreu no período anterior, os produtores de soja poderão obter algum lucro com a comercialização da soja na safra 2006/07. A perspectiva é ainda melhor para os agricultores da região Sul, especialmente do Paraná. No Centro-Oeste, os produtores terão de aguardar mais para comercializar suas safras para entrega futura, porque as margens são pequenas ou até negativas. Tudo depende, é claro, da produtividade alcançada.

A boa notícia é que os custos de produção caíram de forma significativa. A baixa procura por insumos, como fertilizantes e defensivos, e a valorização do real contribuem para isso. As projeções feitas por cooperativas e analistas de mercado estimam queda de 25% nos custos para o Paraná e de 20% para as lavouras do Centro-Oeste. A Cooperativa Agroindustrial Cocamar, elegeu a soja como a cultura mais rentável da região, ultrapassando a cana-de-açúcar que vinha ganhando terreno ultimamente.

“A soja é uma commoditie e sempre terá dois ou três anos de safras boas e dois ou três anos de safras ruins”, declarou o gerente comercial de Insumos da Cocamar, agrônomo Reinoldo Martiniano da Rocha. Para ele, o produtor tem de se acostumar a pensar num prazo mais longo. Depois de duas safras ruins, estamos novamente ingressando num período mais favorável, declarou. Na sua opinião, pode-se esperar até uma boa safra, o equivalente aos resultados alcançados nas safras 2001/02 e 2002/03.

Segundo Rocha, a queda do dólar frente ao real tem uma responsabilidade global de aproximadamente 10% na redução dos custos de produção. “O componente mais significativo em termos de redução de preços foi com os defensivos que participaram com metade da queda. A semente que está 35% mais barata porque ela não deixa de ser soja e o preço da soja caiu muito no mercado. As sementes participam com 20% na redução geral”, explica o agrônomo.

Os fertilizantes, por sua vez, muito ligados a insumos importados, tiveram uma redução de preço mais atrelada ao dólar com queda observada de 15% e com um impacto de 30% na redução geral de custos. “No caso dos defensivos, houve um reposicionamento das empresas no mercado e um trabalho enorme de redução de custos que está sendo repassado agora ao produtor”, diz ele. “Não havia como o produtor pagar o preço que estava sendo cobrado no ano passado e as empresas se adaptaram ao novo quadro”.

Estes três componentes significam um pouco mais de 80% do custo total de produção no agronegócio, onde entram ainda os preços dos combustíveis, juros e da terra. Para plantar um alqueire de soja em 2005 o produtor despendeu um valor médio de R$ 1.169,21 (equivalentes a US$ 487,17) e para plantar o mesmo alqueire na safra 2006/07, seu desembolso médio será de R$ 879,21 (ou US$ 403,30).

Incentivo
A Cocamar tratou de repassar essas informações ao seu quadro de associados e está realizando campanhas de vendas antecipadas de insumos para que eles possam aproveitar os preços: “Do que costumamos comercializar antes do plantio, vendemos 50% das necessidades de nossos filiados”, informa Rocha.

“Mas o mais importante é que a agricultura recuperou seu patamar histórico de rentabilidade”, acrescenta. Assim, mesmo que os preços não sejam tão atraentes como há alguns anos, o agricultor que chegar a média de 113 sacas por alqueire, considerada normal, conseguirá lucrar bem, diante do custo de 52,9 sacas por alqueire. O saldo de 60,1 sacas por alqueire, se vendido pelo preço entre R$ 25,50 e R$ 26,50 preço praticado para abril do próximo ano, proporcionará um resultado líquido entre R$ 1.532,55 e R$ 1.592,65 por alqueire.

Com o clima ajudando, no entanto, a produtividade pode chegar a 140 ou 150 sacas por alqueire. “Considerando todos estes fatores e o que temos observado no comportamento de nossos agricultores dá para afirmar com segurança que não haverá redução da aplicação de tecnologia na próxima safra como se temia”, finaliza o executivo da Cocamar.