Redação (23/08/06)- Os focos de ferrugem asiática encontrados nas lavouras dos Estados Unidos não têm influência no mercado de soja nacional. Isso porque os locais onde a doença foi descoberta não têm representatividade na produção total do grão no país. Primeiro porque o percentual de área plantada nos pontos com ferrugem representa pouco mais de 2% da área total das lavouras norte-americanas. Segundo fator da não influência, é motivado pela época em que a doença apareceu nas plantações, no período de colheita da soja.
O analista de mercado da AgRural, Seneri Paludo, explica que os locais da incidência da doença estão fora do foco de produção dos EUA. Segundo ele, o estado de Carolina do Norte, tem 560 mil hectares (ha) de área plantada de soja, o Carolina do Sul tem 170 mil/ha. A soma do total de áreas dos dois estados está longe dos 29,9 milhões/ha cultivados em todo o país. Tem produtor em Mato Grosso que planta muito mais que os dois estados norte-americanos juntos, diz Paludo.
Se o foco tivesse aparecido nas lavouras do meio-oeste norte-americano, onde há concentração de mais de 70% da produção dos EUA, aí sim haveria reflexo no mercado de soja. Não há nenhum indício de ferrugem nessa região, observa Paludo.
O anúncio do foco de ferrugem asiática encontrada em mais três lavouras dos EUA foi feito na última segunda-feira (21) pelo Departamento da Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
A não representatividade do foco da doença encontrada nos EUA fez, segundo Paludo, com que o mercado ignorasse a informação, fechando o dia de ontem com nenhuma variação.
SAFRA
O volume projetado pelo USDA da produção do grão é de 79,7 milhões de toneladas (t). De acordo com Paludo, as projeções são menores que a esperada. A produção, segundo o consultor de mercado, deve ser entre 82 milhões e 84 milhões/t, próximo do recorde norte-americano alcançado na safra 03/04, quando os EUA produziram 85 milhões/t de soja.
Evento afeta comportamento do produtor norte-americano
Mesmo que os focos de ferrugem asiática tenham se concentrado na porção sul dos Estados Unidos e não tenham representação na produção total, a informação de que a doença foi encontrada no país mexe com os produtores norte-americanos. A análise é do consultor Átila Rosa. Segundo ele o perfil do produtor norte-americano é de aversão desesperadora ao risco. Eles fazem tudo certinho para não ter prejuízo algum. A chegada da doença no país já deixa muito produtor de cabelo em pé, porque eles sabem que a ferrugem aumenta o custo de produção.
A influência, segundo Átila, até então não é financeira, mas sim psicológica. O evento afeta psicologicamente o produtor. Porque ele não vai querer ter risco de plantio.
Átila acredita que o reflexo poderá ser percebido nas próximas safras. Os focos não serão determinantes para o preço no mercado atual. Poderá influenciar as próximas intenções de plantio, avalia o consultor.