Redação AI (27/07/06)- O Porto de Paranaguá, principal embarcador de grãos do país, exportou no primeiro semestre deste ano quase 1,5 milhão de toneladas de milho volume 141% superior ao registrado durante todo o ano passado (621 mil toneladas). Até o fim do ano, a meta do porto é repetir o desempenho de 2004, quando foram exportadas 3,54 milhões de toneladas de milho.
Segundo analistas, o crescimento se explica pela sobra do produto no mercado interno, causada principalmente pelo aumento de 18% na produção da safra 2005/2006, a queda de 10% na produção de frangos por conta do recrudescimento da gripe aviária no mundo, a seca nos Estados Unidos e a retenção de parte da safra anterior, que resultou num grande estoque de passagem para este ano.
Os produtores seguraram o produto, esperando que o preço melhorasse, explica Flávio Turra, gerente técnico e econômico do Sindicato e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Tanto que o volume exportado por Paranaguá em 2005 foi o menor dos últimos cinco anos.
Está sobrando milho no Brasil. O país consome cerca de 39 milhões de toneladas anuais. A oferta, nesse primeiro semestre, se aproximou das 45 milhões de toneladas 41,5 milhões da safra e 3,2 milhões que sobraram do ano anterior. Desde o início do ano, os criadores brasileiros de frango setor que absorve a maior parte do milho produzido reduziram em 10% a produção, para 330 milhões de cabeças abatidas por mês. Com a queda das exportações de frango, por causa do temor da gripe aviária, eles decidiram produzir menos, para evitar a queda do preço da carne no mercado interno.
A Coamo, com sede em Campo Mourão (Noroeste), responsável por 24% das exportações de grãos das cooperativas brasileiras, registrou no primeiro semestre deste ano um crescimento de 156% nas exportações de milho, em comparação com o mesmo período de 2005. Segundo Roberto Petrauskas, superintendente comercial, de janeiro a junho deste ano a Coamo já embarcou 300 mil toneladas do produto, contra 117 mil no ano passado.
Apesar de ser a única saída, para não provocar uma queda ainda maior dos preços no mercado interno pela superoferta , a exportação de milho não está sendo um negócio vantajoso, por causa da valorização do real. De acordo com estudo da Ocepar, o produtor paranaense recebe cerca de R$ 11 a saca de 60 quilos, valor abaixo do custo de produção, que atinge R$ 14,85 a saca. O agricultor comprou os insumos quando o dólar valia R$ 2,90 e está vendendo a produção com o dólar a R$ 2,20, compara Petrauskas.
Soja
O crescimento das exportações de milho está ajudando o Porto de Paranaguá a compensar a queda nos embarques de soja. O volume embarcado de soja em grão caiu quase 23% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2005, para 2,46 milhões de toneladas. O farelo de soja teve redução menor no período, de 13,7%, para 2,45 milhões de toneladas. A principal causa da queda é a resistência do governo paranaense ao embarque de soja transgênica, o que tem levado os exportadores a buscar outros portos no país, especialmente os de Santa Catarina.
Na contramão, abatedouro investe em ampliação
Umuarama Enquanto o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar) trabalha com a proposta de desaceleração na produção de frangos no estado, os abatedouros da Agroindustrial Parati, de Umuarama e Rondon (Região Noroeste), investem na ampliação da estrutura para produzir mais. Somente na unidade de Umuarama, onde é produzido o frango Averama, o investimento é de R$ 8 milhões, segundo o diretor industrial, Genésio Ricardo Garbin.
A empresa vai aumentar a capacidade de abates de 24 mil para 80 mil aves ao dia. Para a instalação dos equipamentos, os abates foram suspensos temporariamente e 80% dos 160 funcionários estão em férias coletivas. Os demais ajudam na construção. O outro abatedouro da empresa funciona em Rondon e está ampliando os abates de 65 mil para 100 mil frangos ao dia. Para atender a demanda, os dois abatedouros estão cadastrando novos avicultores e incentivam quem já está no ramo a construir mais um barracão. Atualmente, são 215 produtores credenciados e 12 aviários em construção.
Garbin informa que a ampliação faz parte do projeto do grupo de entrar no mercado externo. Até o próximo ano, a intenção é enviar as primeiras remessas para China, Japão ou África. Na seqüência, a empresa quer chegar à União Européia. Garbin afirma ainda que há esperança de melhorias no mercado em pouco tempo e a empresa quer estar preparada para a retomada nas vendas. A gente não pode ser imediatista, é preciso acreditar no futuro, disse.
Para o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins, os investimentos devem ser feitos com cautela, já que o setor está sendo orientado a reduzir a produção de frangos para o mercado interno. No Paraná, foram abatidas 83 milhões de aves em junho passado, quando o ideal para o momento, segundo Martins, é reduzir o número para 78 milhões. O primeiro semestre de 2006 foi marcado pela crise causada pelo surto mundial de gripe aviária e o reaparecimento da febre aftosa.
O Paraná é o primeiro produtor brasileiro. No ano passado, foram abatidas 1 bilhão de cabeças, o equivalente a 22,8% da produção nacional. Nas exportações, o estado divide a liderança com Santa Catarina. Em 2005, os abatedouros paranaenses exportaram 791 mil toneladas, 27,8% do total exportado pelo país.