Redação (25/07/06)- Nos últimos dois anos a falta de chuvas provocou estiagens que arrasaram plantações e agravaram a crise da agricultura no Rio Grande do Sul. Os prejuízos, em alguns casos, ainda não foram recuperados, mas poderiam ter sido evitados se os agricultores gaúchos já tivessem aderido aos sistemas de irrigação bastante comuns em outras regiões do País. A costatação é do representante do departamento técnico da Plastro Brasil, uma das principais empresas fabricantes de equipamentos para irrigação, agrônomo George Melo. Ele esteve em Santa Cruz do Sul na tarde de ontem à convite da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e falou sobre os modelos existentes tanto para as micro quanto grandes lavouras.
O baixo volume de investimentos em aparelhos para irrigação das plantações no Rio Grande do Sul, destacou Melo, pode comprometer a produtividade de alimentos. O Sul não está bem preparado ou estruturado para uma irrigação de forma massiva em função dos recursos hídricos necessários. Essa desordem climática que provoca secas é um motivo de preocupação, pois o Estado precisa se estruturar. No Nordeste isso já acontece, pois há estrutura compatível, com açudes, barragens e canais, salientou.
A solução para essa deficiência estaria nos investimentos do governo estadual e federal para a construção de reservatórios a fim de atender às famílias rurais. Mas isso pode acabar elevando os gastos com a lavoura. Até hoje se produzia sem os custos adicionais da irrigação. Então quando o agricultor fazia os cálculos de produção, não incluia esses custos. Ele precisará pensar que vai ter uma colheita certa e um produto de qualidade e produtividade maior. Os valores a serem aplicados dependem da área a ser irrigada mas, em média, segundo Melo, ficam a partir de R$ 1,00 por metro quadrado.
A tendência é quanto à irrigação por gotejamento, uma das que garante maior eficiência no aproveitamento da água. Segundo o agrônomo da Plastro, a eficiência da irrigação por gotejamento é de 95%, enquanto os demais sistemas não ultrapassam 75%. Outra vantagem, destaca ele, é o baixo consumo de energia elétrica, proporcionado pela rega artificial localizada. Se avaliar o incremento que a irrigação dará à produtividade, certamente sai o preço que vale.
Todas as culturas, exceto os grãos, podem ser irrigadas com o sistema que faz sucesso nas regiões Norte e Nordeste, bem como na Espanha e Israel. Até mesmo na fumicultura o modelo pode ser adotado, o que pode representar qualidade para o produto.
AFUBRA
O diretor-secretário da Afubra, Romeu Schneider, destacou que a entidade pretende trazer soluções aos agricultores, capazes de garantir produtividade e qualidade na produção. Os produtores amargaram sérias perdas nos últimos anos e uma das soluções é investir na irrigação, que evita a queda na produtividade, disse o dirigente, que há poucos dias visitou plantações na Itália, onde constatou a utilização maciça do recurso. Vamos dar todo o apoio técnico necessário para a correta instalação e funcionamento dos equipamentos, garantiu Schneider. Ele ressaltou que o trabalho que está sendo iniciado na matriz futuramente será ampliado para as demais filiais da entidade, nos três estados do Sul do Brasil.
SAIBA MAIS
Outras regiões brasileiras há anos priorizam a instalação de sistemas de irrigação para garantir a produtividade e a qualidade da produção agrícola o Nordeste implantou na década de 70 e o Sudeste a partir dos anos 90. A região Sul apenas atentou para a necessidade do recurso a partir do ano 2000.