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Oferta da Sadia deixa europeus em alerta

<p>Mercado internacional de carnes está atento a um eventual negócio entre Sadia e Perdigão e seu impacto entre os concorrentes.</p>

Redação (18/07/06)- A possibilidade de compra da Perdigão pela Sadia anunciada domingo fez os produtores de carne da Europa ficarem em estado de alerta. As duas empresas são vistas como importantes atores no mercado internacional de carnes e um eventual negócio entre elas poderia ter um impacto entre os concorrentes em outras regiões. A Associação de Processadores de Frango da Europa admitiu ter ficado surpresa com a notícia e aponta que os produtores de países como França e Dinamarca estão conscientes de que terão de enfrentar uma concorrência cada vez maior de produtos brasileiros. Um exemplo claro é o mercado russo, onde europeus e americanos tradicionalmente dominavam. Nos últimos anos, porém, o Brasil vem ganhando espaço e ameaçando os lucros das empresas européias e americanas.

No Paraná, onde as duas empresas mantém unidades, o negócio também divide opiniões. O assessor da área de pecuária da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Alexandre Jacewicz, acredita que, caso a aquisição se concretize, a situação ficará mais difícil para o produtor. “”Com um número maior de empresas, o produtor tem mais opções de um modo geral””, disse.

Por outro lado, o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores, Irineu Wessler, acredita que as duas empresas unidas terão mais força para competir no mercado internacional. Ele também prevê que o preço do suíno pode valorizar mais. Hoje, o Estado conta com 10,8 mil produtores de suínos. O Sindicato das Indústrias Avícolas do Paraná (Sindiavipar) foi procurado pela reportagem mas não deu retorno até o fechamento desta edição.

O vice-presidente técnico-científico da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Mendes, vê na concretização do negócio mais reflexos na exportação do que no mercado interno. “”Não deve haver uma concentração maior no mercado interno de frango porque as empresas exportam grande parte da produção””, disse. Ele acredita que o produtor pode lucrar com o ganho de escala de uma empresa maior. “”A vantagem do ganho de escala é que a empresa trabalha com custos de produção menores. Isso pode melhorar a remuneração do produtor””, disse.

A união das duas companhias será analisada pela Secretaria de Direito Econômico, instituição ligada ao Ministério da Justiça, e, só depois, irá a julgamento no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O negócio também depende de aprovação dos acionistas da Perdigão.

No último domingo, a Sadia confirmou uma oferta pública para a compra das ações da concorrente. A Sadia deverá oferecer R$ 27,88 por ação da Perdigão. Mas, a oferta que vai até 24 de outubro deste ano, só será válida caso a Sadia consiga adquirir, no mínimo, 50% mais uma ação da Perdigão. Após a oferta pública, a Sadia pretende submeter à avaliação dos acionistas das duas companhias uma proposta de reestruturação societária. As receitas líquidas das duas empresas deverão ser superiores a R$ 12 bilhões. A nova companhia reunirá 81 mil empregados e 16 mil produtores rurais. (Com agências)