Redação (08/06/06)- As perdas dos produtores com o avanço da ferrugem da soja cresceram acima do previsto pelo governo. Levantamento feito pela Embrapa aponta um prejuízo nas lavouras de US$ 2,7 bilhões com a ferrugem, valor que inclui perdas de produtividade e gastos extras com herbicidas. A estimativa do Ministério da Agricultura era de que a perda chegaria a US$ 2 bilhões nesta safra. No ciclo passado, o prejuízo foi de US$ 1,285 bilhão. Em volume de grãos que deixaram de ser colhidos, a perda é estimada em 2,3 milhões de toneladas, ante 3,9 milhões no ciclo 2004/05.
“Este foi o pior ano em nível de incidência da ferrugem no país, com as perdas mais graves ocorrendo no Mato Grosso e em Minas Gerais”, afirmou José Tadashi Yorinori, pesquisador da Embrapa Soja. O Sistema de Alerta da Embrapa, mantido em parceria com o Ministério da Agricultura, identificou nesta safra 1.419 focos de ferrugem em todo o país, ante 459 na safra anterior.
Ele observou que a perda de grãos foi menor porque em muitos Estados os produtores aumentaram o número de aplicações de fungicidas – o que elevou os custos das lavouras. Em média, o número de aplicações subiu de 1,7 para 2,5 aplicações. No Mato Grosso, por exemplo, a produtividade caiu de 60 sacas por hectare para 38 por hectare em função da doença. Tadashi disse que o prejuízo nessas lavouras ficou em torno de US$ 200 por hectare.
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Devido ao avanço da doença em todo o país, o Ministério da Agricultura discutirá na sexta-feira medidas para o controle da ferrugem. André Peralta, fiscal agropecuário da Divisão de Prevenção e Controle de Pragas do ministério, disse que entre as medidas estão a publicação de um decreto para tornar obrigatório um vazio sanitário de 90 dias entre a colheita e o plantio da próxima safra. A regra já é adotada no Mato Grosso e em Goiás. Tocantins – que este ano elevou a produção de sementes para comercializar no Centro-Oeste – mostrou-se contra a nova regra.
Conforme Peralta, também será discutida a liberação de mais recursos para combater a doença. No fim de janeiro, o ministério aprovou uma linha emergencial de R$ 200 milhões para controle da ferrugem.
Segundo a Embrapa, desde o surgimento da doença no país, na safra 2001/02, as perdas somam 12,4 milhões de toneladas de grãos e perda de receita de US$ 7,7 bilhões.
