Redação AI (16/05/06)- O grupo Avipal retomou nessa segunda-feira (15) as atividades em três frigoríficos paralisados desde o início de abril em virtude da gripe de aves. O temor da gripe fez o consumo de frango cair no exterior, afetando as exportações brasileiras.
Juntas, as unidades de Porto Alegre, Lajeado (RS) e Dourados (MS) voltam a abater cerca de 500 mil frangos por dia. No período, as unidades deixaram de produzir cerca de 30 mil toneladas de carne de frango. A única planta que não foi afetada pelo problema sanitário foi a de São Gonçalo dos Campos (BA), que opera para atender apenas o mercado do Nordeste.
O superintendente da Avipal, Romi Goldfajn, diz que o reinício dos abates se deve ao arrefecimento da crise gerada pela gripe aviária, principalmente no exterior. “O consumo e os preços nos países afetados estão aos poucos reagindo”, explica Goldfajn, acrescentando que a tendência é de o mercado se normalizar no decorrer do segundo semestre. O diretor da unidade de carnes da empresa, Fernando Becker, acrescenta que, como ano passado havia a expectativa de que até faltasse carne de frango, os importadores fizeram grandes estoques, gerando uma queda ainda maior na demanda para as exportadoras.
Na área de lácteos, área que gera a maior parte do faturamento do grupo, a Avipal quer dobrar a produção de leite em pó até o final do ano. A empresa anunciou ontem que vai investir R$ 15 milhões para construir uma torre de secagem de leite em pó em sua unidade de Ijuí (RS). Com a nova estrutura, a unidade terá a capacidade para captar leite elevada em 60%, atingindo 1,65 milhão de litros de leite por dia. A produção de leite em pó, por enquanto na ordem de 3 mil litros por dia e restrita à planta de Teutônia (RS), vai passar para 6 mil litros.
O diretor da unidade de Lácteos da Avipal, Hélio Vilas Boas, diz que o investimento se justifica tanto pela conquista de mercado no Sudeste, Norte e Nordeste como pela expectativa de aumento das exportações. No primeiro trimestre deste ano, as exportações de lácteos da empresa cresceram 88%, somando US$ 5,3 milhões, aproveitando contatos que o grupo mantém em países para os quais já embarca carnes.
O grupo Avipal encerrou o primeiro trimestre com faturamento de R$ 493 milhões, uma queda de 4,4% em relação ao mesmo período de 2005. A empresa teve prejuízo de R$ 46,6 milhões e Ebitda negativo de R$ 18,8 milhões. O resultado é atribuído principalmente à área de carnes, afetada pela crise da gripe do frango, pelo embargo russo à carne suína e pelo câmbio.
A área de Lácteos teve receita de R$ 286,5 milhões, com crescimento de 9,7%, enquanto que a de carnes apurou um faturamento de R$ 193 milhões, o equivalente a uma retração de 22%. As exportações no período somaram US$ 60,9 milhões, apenas US$ 100 mil a menos em comparação com 2005. O equilíbrio ocorreu graças aos lácteos, já que os embarques de frangos caíram 12% (somando US$ 42,2 milhões) e de suínos diminuíram 17% (US$ 7,3 milhões).