Ele (Rodrigues) deixou o encontro feliz da vida diz um assessor.
Desgastado com a crise do agronegócio, Rodrigues cancelou sua participação na Expodireto, em Não-Me-Toque, na semana passada. Seu pedido mais imediato é de recursos para a fase de comercialização da safra. Com isso, o ministério tentaria regular o mercado, ajudando o produtor a cobrir o custo de produção. No Rio Grande do Sul, a saca de arroz está em R$ 17, mas o custo de produção chega a R$ 28 por saca.
Agora, Rodrigues insiste na liberação imediata de R$ 2,3 bilhões para o escoamento da safra. Aliviado com as promessas do Planalto, telefonou para um dos seus aliados, o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras, Márcio Lopes de Freitas, espantando a boataria:
Estou no meio de uma batalha, e não pretendo desistir agora.
A Confederação de Agricultura e Pecuária (CNA) deve propor ao governo trégua de 120 dias no pagamento de dívidas agrícolas. No período, pedirá renegociação dos débitos de 2005 e 2006 nos moldes da securitização – com prazo de 25 anos para pagar e juros de 3% ao ano. A entidade calcula que R$ 12 bilhões podem ser rolados. O assunto foi discutido ontem em reunião em Porto Alegre. O presidente da CNA, Antônio Ernesto de Salvo, diz que a solução para o endividamento é urgente:
A MP do Bem é mais uma enganação. Não é negativa, mas trata de problemas secundários, de amanhã.
O que está na mesa |
Desde 15 de fevereiro, os ministérios da Agricultura e da Fazenda debatem as seguintes medidas: |
Apoio à comercialização agrícola |
– Possibilidade de ampliar em R$ 1,7 bilhão o limite dos recursos para comercialização (já há a garantia de R$ 600 milhões), sendo R$ 1,2 bilhão de março a junho e o restante para o segundo semestre (os produtores, no entanto, querem a liberação de R$ 2,8 bilhões) |
Endividamento dos produtores |
– Custeio: prorrogar as parcelas de crédito de custeio da safra 2005/2006 e as parcelas prorrogadas em 2005 para vencimento em março e abril de 2006, caso a caso (os produtores não aceitam o critério da negociação caso a caso) |
– Investimento: adiar as parcelas de 2006 para pagamento em 12 meses após o vencimento da última parcela definida no contrato, mediante análise caso a caso |
– Dívidas alongadas: postergar o pagamento das parcelas vencidas em 2005 e as que ainda vão vencer neste ano dos programas de crédito Pesa, Securitização, Pronaf, Proger Rural e Procera para 12 meses após o vencimento da última parcela definida no contrato (para os produtores que não estiveram inadimplentes até dezembro de 2004). |
Seguro rural |
– Recursos do governo federal para garantir o prêmio do seguro: R$ 45 milhões (os produtores reclamam que este valor não cobre 5% da área agrícola no país) |
Plano agrícola e pecuário 2006/2007 |
– Aumento de recursos para custeio a juros fixos de 8,75% ao ano: R$ 8 bilhões na poupança rural |
– Aumento de recursos para investimento a juros fixos de 8,75% ao ano: R$ 3,5 bilhões |
Medida provisória do Bem da Agricultura |
– Medidas para readequação de custos do agronegócio |
– Isenção de PIS/Cofins para cadeia da carne |
– Isenção de tarifas de importação, reduzindo custos na compra de defensivos agrícolas |