Redação (15/03/06) – Representantes da pecuária mato-grossense assinaram ontem, em Cuiabá, um protocolo de intenção com a Associação Brasileira das Industrias Exportadoras de Carne (Abiec) na tentativa de buscar o entendimento entre os interesses do setor produtivo e da indústria da carne por meio da elaboração de um termo de ajuste de conduta. A aproximação entre frigoríficos e pecuaristas surge no momento em que a Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça começa a ouvir testemunhas na investigação de denúncias de formação de cartel feita pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) contra 11 frigoríficos.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Homero Pereira, destaca que o protocolo de intenção, assinado durante o seminário “Os desafios da pecuária e as modernas formas de comercialização”, é uma alternativa para harmonizar a cadeia produtiva da carne. Um grupo de trabalho será montado para discutir questões como divergência no peso, rendimento e tipificação das carcaças. Pereira destaca que os assuntos fazem parte de uma pauta prévia, que irá se concretizar somente nas próximas reuniões do grupo. O calendário de encontros ainda não foi definido.
O presidente da Abiec e ex-ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, considera que um dos intuitos da parceria entre produtores e industria é enfrentar conjuntamente a depreciação de preços provocada pela desvalorização do dólar frente ao real, que provocou perdas aos dois elos da cadeia. Ele frisa que o grupo de trabalho visa buscar alternativas para que os setores enfrentem esse momento difícil para a cadeia produtiva, que sofre com a queda na rentabilidade. “Para isso precisamos melhorar os pontos de conflito entre os setores e estabelecer normas e procedimentos interessantes para todos”.
Entidades da bovinocultura brasileira e da Comissão de Agricultura e Pecuária da Câmara Federal e do Senado serão convidados a compor o grupo.
Reunião – Representantes da União Européia (UE), vindos de Bruxelas, se encontraram informalmente ontem com Pratini para tratar sobre os problemas que envolvem a exportação de carne do Brasil para o país europeu. Entre os assuntos tratados estava a liberação das vendas externas de carne de Mato Grosso do Sul e a habilitação de novas áreas para exportação, entre elas 51% do território mato-grossense que ainda não foi reconhecido pelo bloco econômico. Ele considera possível a ampliação da área habilitada ao Estado, mas não acredita que isso aconteça antes do reconhecimento de Mato Grosso do Sul como área livre de febre aftosa pela UE.