Da Redação 24/10/2005 – Produtores do Rio Grande do Sul começaram a semear as primeiras áreas da safra 2005/2006 de soja. Devido ao tempo não muito propício verificado recentemente, contudo, o levantamento semanal da Emater/RS-Ascar sobre as culturas estima que não mais de 2% das lavouras tenham sido plantadas, o que representa um ligeiro atraso de dois pontos percentuais em relação à média dos últimos cinco anos.
Se o tempo colaborar o ritmo deverá se intensificar nas próximas semanas, atingindo seu máximo em meados de novembro, segundo as médias verificadas nos últimos anos. Outras culturas como o arroz e o feijão também estão com a semeadura atrasada.
O excesso de umidade verificado nas várzeas tem impedido um avanço mais efetivo da área de arroz, alcançando apenas 10% (aproximadamente 100 mil hectares) do total previsto para esse ano (1.000.875 hectares). Esses números, comparados com a média dos últimos cinco anos, mostram-se defasados em 10 pontos percentuais. Se comparados com a safra passada, a diferença chega a 21 pontos. Os técnicos lembram que em 2004 as condições meteorológicas registradas nessa mesma época eram bem distintas, quando já se iniciava um longo período de estiagem e propiciava condições favoráveis ao adiantamento nos trabalhos de plantio, sendo que a média no ano passado para a época era de 15% semeados.
A lavoura de feijão no Estado se manteve praticamente no mesmo ritmo do período passado. O grande volume de precipitações ocorrido no fim de semana passada e que se estendeu até o início desta retardou e paralisou a semeadura da cultura em muitas áreas de produção. No decorrer desta semana, com o retorno do clima mais seco e um maior número de horas de sol, os produtores puderam intensificar o plantio, atingindo 65% da área total estimada. Mesmo assim o plantio encontra-se 9% atrasado em relação à média histórica. As demais fases atuais dessa lavoura são de 58% em desenvolvimento vegetativo e 4% já em floração.
O plantio do milho também evoluiu pouco durante a semana. Somente a partir da última terça, dia 18, os produtores puderam retornar aos trabalhos. Com isso o percentual de área semeada avançou apenas três pontos percentuais em relação à semana passada, atingindo 61%. Mesmo assim a atual safra continua adiantada em relação à media dos últimos cinco anos. De maneira geral as lavouras se desenvolvem satisfatoriamente, com alguns problemas pontuais verificados em lavouras semeadas recentemente, como dificuldade de germinação, lento desenvolvimento e falhas devido à erosão causada pela fortes chuvas ocorridas recentemente.
Os produtores de trigo estão encontrando dificuldades para entrar com as máquinas nas lavouras. Com isso estima-se um avanço de apenas quatro pontos percentuais na área colhida, alcançando os atuais 10%. Se a colheita está atrasada em relação à média, o mesmo não ocorre com as demais fases, sendo que o percentual de lavouras aptas à colheita é expressivo. Atualmente a cultura está com 35% da área pronta para ser colhida, 42%, em enchimento de grãos e 10% em floração.
O clima também está prejudicando os hortigranjeiros em geral, especialmente as olerícolas produzidas a céu aberto. Além disso, os tratos culturais necessários estão atrasados. Nas Missões e Fronteira Noroeste, após as chuvas, estão sendo intensificados os plantios da melancia, melão, tomate e pepinos. Nos pomares, continua a aplicação de calda bordaleza nas videiras. No Alto Jacuí e Noroeste Colonial de Ijuí, os agricultores estão com dificuldades de realizar novos plantios a campo. Somente após o retorno dos dias sem precipitações iniciaram-se os cultivos do melão, tomate e feijão vagem, entre outros.
No Alto Uruguai a grande umidade do ar e do solo propiciou o aparecimento de doenças fúngicas em pomares. Na região central do Estado, tanto as videiras como os pomares de figo encontram-se em período vegetativo e apresentam boa sanidade, mesmo com o excesso de umidade que vem ocorrendo.
Na maior área de pêssegos, a Zona Sul do RS, a fase atual é de frutificação. No município de Pelotas, em virtude das variações de clima na época da floração, existe possibilidade de redução de aproximadamente 35% da produção. Já na Serra Gaúcha são os vinhedos que apresentam brotação irregular em virtude das condições meteorológicas ocorridas nos períodos anteriores, entre junho e outubro. Muitos vinhedos apresentam plantas em estágio de pré-floração e outras que ainda se encontram em fase inicial de brotação. No geral, a quantidade de gemas brotadas é pequena e o número médio de cachos por broto é inferior ao ocorrido na safra passada.