Da Redação 21/09/2005 – A falta de chuvas nas regiões Médio Norte e Noroeste de Mato Grosso obrigou os produtores a interromper o plantio da soja super-precoce, iniciado na primeira semana deste mês em vários municípios. Lucas do Rio Verde, Sapezal e Campos de Júlio foram os mais prejudicados com a falta de continuidade das chuvas.
A Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja) estima que o total plantado até agora não chega a representar 1% da área prevista para plantio. Em 2004, nesta mesma época do ano, os produtores já haviam plantado 5% da área.
“Com custo de produção altíssimo, pouca gente se arrisca a plantar em solo com baixíssima umidade”, explica o vice-presidente da Aprosoja para a região Norte, Nadir Sucolotti.
Na maioria das regiões, os produtores aguardam pelo menos uma nova chuva de forte intensidade. “O ideal mesmo é esperar o momento em que o solo estiver bem úmido. Não temos margem para arriscar e ter perdas este ano”, justifica Sucolotti.
O vice da Aprosoja informou que muitos produtores estão sendo obrigados a reduzir o nível de tecnologia para fazer frente à crise. “Mas estão procurando orientação técnica para não perder produtividade. O produtor tem que conhecer bem o solo da sua lavoura para tomar esta decisão. Para plantar mal e não colher com qualidade, é preferível não plantar”, adverte o diretor da Aprosoja.
A Aprosoja tem informações de que nos municípios de Sorriso, Sinop, Nova Ubiratã e Ipiranga do Norte os produtores ainda não iniciaram o plantio. Só no eixo da BR-163 (Cuiabá-Santarém), as regiões Norte e Médio Norte representam cerca de 35% da área total plantada no Estado.
“Estamos aguardando chuva. No momento ainda é arriscado plantar e quem se aventurou a semear a lavoura corre o risco de ter perdas, pois a última chuva na região ocorreu há mais de 10 dias”, lembra o produtor de Lucas do Rio Verde, Orcival Guimarães.
Segundo ele, este ano as chuvas estão atrasadas, o que também deverá postergar o plantio na região.
O produtor, que possui 17 mil hectares prontos para receber sementes de soja na Fazenda Guimarães, planejava iniciar o plantio no dia 10 de setembro. “Esperava que o solo fosse estar úmido, o que ainda não aconteceu”, lamenta.
A irregularidade das chuvas levará o produtor a fazer o plantio escalonado da safra. Na primeira etapa, ele pretende plantar cinco mil hectares de soja super-precoce. Depois, irá programar o plantio do restante da lavoura até o dia 20 de outubro. Orcival espera fazer a primeira colheita até o mês de janeiro para plantar a safrinha de algodão (5 mil hectares) e milho (4 mil hectares).
Nas regiões de Sinop e Ipiranga do Norte, nenhum produtor se arriscou a plantar. “Choveu muito pouco. A terra ainda não oferece condições de plantio”, disse o produtor e ex-presidente do Sindicato Rural de Sinop, Antônio Sérgio Rossani. Ele preparou uma área de mil hectares na Fazenda Ipiranga para soja precoce e de ciclo normal e espera iniciar o plantio dentro de 15 dias. Ele teme perdas, em função da ocorrência de pragas na lavoura.
De acordo com o agrônomo Alcione Nicoletti, que fornece assistência a produtores da região de Lucas do Rio Verde, com pouca umidade no solo a planta está sujeita a menor produtividade, causada principalmente pelo aumento de pragas, como a lagarta rosca, cupins e lagarta elasmo.
Segundo o agrônomo, os maiores índices de produtividade para a soja em Mato Grosso estão concentrados em plantios feitos no período de cinco de outubro a cinco de novembro. “Esse é o período de maior potencial produtivo da soja. Fora deste período, pode haver um decréscimo de produtividade”, informa o agrônomo.