Da Redação 21/07/2005 – A falta de recursos que nos últimos anos levou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a adiar a realização do X Censo Agropecuário ameaça deixar o trabalho na gaveta até pelo menos 2007. O IBGE solicita R$ 410 milhões, divididos em três anos, para fazer um novo censo ampliado, mas até agora não tem qualquer garantia de que a verba será incluída no Orçamento Geral da União para 2006.
Antonio Carlos Simões Florido, gerente do Censo Agropecuário do IBGE, afirma que o órgão tem negociado com o governo a liberação desses recursos, mas que em reunião com representantes do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão na semana passada ficou evidente que será difícil. A assessoria de imprensa do Planejamento confirmou que há negociações e que a questão terá de ser definida até 31 de agosto, mas fonte do ministério adiantou que o pedido foi considerado elevado.
Florido explica que os censos agropecuários começaram em 1970, e que, pela Lei 8.188, de 10 de maio de 1991, eles têm de ser realizados a cada cinco anos – como acontece nos Estados Unidos, por exemplo. O último, contudo, é de 1996. O gerente afirma, ainda, que cada censo é feito em três anos. No primeiro, considerado de preparação, é absorvido cerca de 15% do total a ser investido; no segundo, que engloba a coleta de dados no campo, é gasta 82% da verba; no terceiro, de finalização, chega-se a 100% dos recursos previstos.
Se o pedido de inclusão de recursos no orçamento de 2006 não for atendido, portanto, o censo só poderá começar em 2007 e o trabalho de campo ficará para 2008. Isso, é óbvio, se não houver novas postergações.
Para Florido, os produtores brasileiros precisam ter consciência de que o censo é importante para a tomada de decisões e pressionar pela liberação de verba para o trabalho. Entre muitas outras informações, no censo de 1996 foi identificada uma queda de 900 mil estabelecimentos agropecuários no Brasil na comparação com o número de 1985. Este último trabalho custou cerca de R$ 200 milhões ao IBGE.
É verdade que em uma década os custos para a realização do censo subiram, mas, conforme Florido, o novo levantamento custará mais que o dobro que o anterior em grande medida por conta de sua nova roupagem e, consequentemente, das novas informações que terão de ser levantadas. “A idéia é fazer quase que um censo agroambiental, para gerar indicadores também nesta área. Saberemos mais sobre o efeito estufa, por exemplo”.
O executivo também destaca a importância do censo para o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), menina-dos-olhos do governo federal no setor. O trabalho também tem por objetivo irrigar os vários ministérios com informações capazes de direcionar a alocação de recursos em políticas públicas em uma tentativa de mitigar desigualdades regionais.