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Volatilidade meteorológica

<p>Clima nos EUA motiva forte baixa dos grãos em Chicago.</p>

Da Redação 20/07/2005 – Um agressivo movimento de vendas especulativas derrubou as cotações da soja ontem na bolsa de Chicago, com reflexos sobre os contratos futuros de milho e trigo negociados naquele mercado. As vendas foram deflagradas por novas previsões meteorológicas para regiões produtoras dos Estados Unidos.

Segundo essas previsões, divulgadas por consultorias privadas, lavouras do Meio-Oeste americano poderão contar com clima mais favorável nos próximos dias. Mas analistas brasileiros reiteraram que o tombo foi normal para esta época de “weather market” nos EUA, que nas últimas semanas houve fortes altas e baixas por conta de outras previsões meteorológicas e que a “montanha-russa” deve durar até agosto.

No caso da soja, os contratos de segunda posição de entrega (atualmente os papéis para setembro) fecharam ontem a US$ 6,8550 por bushel, em queda de 35,25 centavos de dólar. Ainda assim, até agora o saldo da volatilidade tem sido positivo para os preços. Cálculos do Valor Data apontam valorizações acumuladas de 4,50% em julho, de 25,26% em 2005 e de 4,18% nos últimos doze meses.

“Estamos em um mês crítico para as lavouras americanas de soja. E, de um modo geral, elas estão em condições piores do que a média histórica para esta época do ano”, afirmou Antonio Sartori, da Brasoja. “As atuais previsões meteorológicas para as regiões produtoras dos EUA estão pouco consistentes. Viveremos essa gangorra até setembro”, observou Seneri Paludo, da Agência Rural.

Os contratos de segunda posição de entrega do milho (dezembro), por sua vez, recuaram 11 centavos de dólar por bushel ontem em Chicago, para US$ 2,59. Neste mês, a alta acumulada chegou a 16,54%; no ano, a 21,60%; e nos últimos doze meses, a 5,71%, sempre de acordo com o Valor Data. Ainda que o clima nos EUA também venha influenciando diretamente as cotações do milho em Chicago, Leonardo Sologuren, da Céleres, notou que para a retração de ontem a influência do “mergulho” da soja foi expressiva.

O casamento se explica pela crescente participação de grandes fundos de investimentos nos mercados futuros de commodities agrícolas. Muitas vezes esses fundos – que atualmente mantêm posições compradas em elevado patamar – fazem movimentos conjuntos com contratos de soja, milho ou mesmo trigo. Este, aliás, caiu ontem em Chicago por conta das baixas de soja e milho. Os contratos de segunda posição (dezembro) perderam 15 centavos de dólar por bushel e fecharam a US$ 3,52, mas ainda acumulam ganhos de 6,16% em julho, de 12,01% em 2005 e de 1,15% em doze meses.

Chamou a atenção dos traders de Chicago, mas sem grande influência sobre a direção dos preços ontem, o relatório divulgado na noite de segunda-feira pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) sobre as condições das lavouras de grãos daquele país.

Para a soja, o novo levantamento apontou que 53% das lavouras estão em boas ou excelentes condições, 1 ponto percentual abaixo do nível apurado na semana anterior; no caso do milho, o USDA estima em boas ou excelentes condições 55% das lavouras, queda de 3 pontos percentuais em relação à semana anterior; e para o trigo de primavera, 75% das plantações estão em boas ou excelentes condições, em queda também de 3 pontos na mesma comparação.

As oscilações de preços em Chicago têm reflexos sobre as vendas no Brasil, onde a comercialização da safra 2004/05 está em fase final. No mercado de soja, dias de alta nos EUA são dias de vendas no Brasil, e as baixas costumam travar a comercialização. Já o mercado doméstico de milho não está com uma relação tão intrínseca com Chicago e atualmente depende mais das variações do câmbio, que hoje favorecem as importações em um ano de escassez de oferta.