Da Redação 12/07/2005 – A enxuta oferta de milho devido à quebra da safra e a demanda aquecida por parte dos frigoríficos exportadores estão estimulando a procura por sorgo, principal substituto do milho na produção de ração animal. As importações do produto já cresceram 24,6% de janeiro a maio, segundo a Secex, e alcançaram 260 toneladas, mas a expectativa é que o volume se multiplique até o fim deste ano.
Ademir Vieira da Silva, secretário-executivo da Unimilho (entidade que reúne produtores de sementes licenciados pela Embrapa), diz que as importações, que em 2004 foram de 9,16 mil toneladas, podem chegar a até 100 mil neste ano, principalmente da Argentina.
Para o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), o consumo de sorgo deve dobrar neste ano. João Prior, secretário-executivo da entidade, diz que as indústrias devem consumir pelo menos 1,5 milhão de toneladas, ante 720,3 mil em 2004. Segundo ele, parte da oferta será suprida por importações. O Sindirações estima que a produção de rações deve crescer mais de 8% sobre 2004( 43,4 milhões de toneladas). Já o consumo de milho deverá passar de 26 milhões para 28 milhões de toneladas.
No primeiro semestre, segundo fontes do mercado, a Doux Frangosul importou sorgo para atender às integrações, mas a empresa não confirmou a informação. Leonardo Sologuren, sócio-diretor da Céleres, diz que a procura pelo sorgo importado começou mais cedo neste ano em virtude das dificuldades das empresas para importar o milho da Argentina, onde 95% da produção é transgênica e por isso depende de autorização da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).
Para Sologuren, a importação de sorgo deve funcionar como resposta emergencial para suprir a falta de milho no mercado interno e a procura deve crescer principalmente nos últimos quatro meses do ano, quando se encerra as safrinhas de milho e sorgo do país. Ele observa, ainda, que a colheita da safrinha está impedindo um avanço mais forte dos preços dos dois produtos no mercado interno.
Nos dez primeiros dias de julho, o preço médio da saca de milho em Goiás saiu por R$ 15, 2% acima da média do mesmo período de 2004. No Paraná, principal Estado produtor, o preço subiu 3,9%, para R$ 18,70. Já o preço médio do sorgo, segundo a Agência Rural, estava em R$ 9,50 por saca – mesmo preço médio de julho de 2004, mas 17% acima do praticado em janeiro deste ano. Seneri Paludo, da Agência Rural, diz que o preço do sorgo historicamente varia entre 75% e 85% do preço do milho e que no segundo semestre a tendência é de aumento, levando a relação para mais perto de 85%.
Também contribuem para isso as previsões de crescimento do consumo de milho em 100 mil toneladas em 2005, para 39,5 milhões de toneladas, associada à quebra de safra de 17,5% para 34,769 milhões de toneladas, devido aos problemas climáticos no Sul – o que resultará numa redução dos estoques de passagem de 4,85 milhões de toneladas para 622,7 mil toneladas nesta safra.
Outro fator de sustentação para os preços é a própria queda de 20,2% da oferta de sorgo em 2004/05, devido à redução de área na região Centro-Oeste e problemas climáticos. Segundo a Conab, a produção deve fechar o ano em 1,6 milhão de toneladas. Para a safra de verão, com isso, a Biomatrix, divisão da Agroceres, prevê crescimento de área. A empresa elevou sua produção de sementes em 20%, para 800 toneladas.