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Perdigão faz novo aporte e avança no Centro-Oeste

<p>Empresa investe R$ 80 milhões em Rio Verde após aquisição no MT.</p>

Da Redação 28/06/2005 – Com a mesma discrição com que chegou ao Mato Grosso após a aquisição do abatedouro de aves Mary Loise em Nova Mutum, a Perdigão inicia a expansão de seu complexo industrial de Rio Verde, em Goiás. A unidade, que responde por 20% do volume de produção e da receita da Perdigão – de R$ 5,5 bilhões em 2004 – , vai receber aportes de R$ 80 milhões de 2005 até 2009 para a duplicação do abate de suínos, aumento do abate de aves e fábrica de ração.

Em entrevista ao Valor , o presidente da empresa, Nildemar Secches, afirma que as fábricas serão ampliadas para que o abate de suínos, hoje em 3.500 cabeças diárias, alcance 7 mil animais até 2009. O número de aves sairá de 284 mil para 350 mil cabeças. O abate deve aumentar gradativamente a partir do ano que vem, segundo Secches.

Além do aporte da Perdigão, os integrados que serão agregados ao projeto com a ampliação de Rio Verde terão de investir, no total, R$ 400 milhões entre 2005 e 2009 para a construção das granjas. A Perdigão negocia com o BNDES o financiamento de parte dos R$ 80 milhões. A fatia dos integrados virá de recursos próprios, do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do Fundos Constitucionais do Centro-Oeste (FCO). Hoje, a empresa tem cerca de 400 integrados na região e terá outros 200 com a ampliação. Esses novos aportes se somam a R$ 170 milhões (empresa + integrados) anunciados pela Perdigão em 2004 para Rio Verde.

Secches admite que o investimento na duplicação do abate de suínos não estava previsto originalmente, mas o aumento da demanda por carne suína para produtos processados, como salsichas e presunto, justifica a decisão. Atualmente, a Perdigão está implantando a linha de produção de salsichas em Rio Verde.

Outro passo importante na estratégia de crescimento da Perdigão – além de ampliar Rio Verde, a empresa está investindo R$ 240 milhões em um frigorífico em Mineiros (GO) – foi a aquisição do Mary Loise. “Pelo nosso plano estratégico, precisávamos de outra base de produção”, afirma Secches. Segundo ele, clientes tradicionais [Europa e Japão] estão demandando mais volumes, o que gera a necessidade de ampliar a produção.

O Mato Grosso vinha sendo “estudado” como possível nova base de produção por conta da disponibilidade de grãos, quando surgiu a oportunidade de adquirir o Mary Loise. Conforme Secches, a aquisição de uma unidade já existente permitirá à empresa ganhar tempo, uma vez que o abatedouro já tinha uma base de integrados e a cultura de integração já existe na região. “A aquisição antecipa em dois anos a estratégia da Perdigão”, afirma, acrescentado que o plano é crescer em Nova Mutum.

Segundo o executivo, as adaptações na unidade, adquirida por R$ 40 milhões, começaram na sexta-feira. A previsão é que em nove meses, a capacidade total de abate – de 120 mil aves diárias – seja atingida. Hoje, a planta abate a metade disso.

Nova Mutum produzirá frango inteiro, prioritariamente, e em três meses passará a fazer cortes de aves. Por enquanto, a planta não tem aprovação para exportar, mas quando tiver o aval, 80% de sua produção deve ser destinada ao mercado externo, diz Secches.

Em outro movimento para o Centro-Oeste, a Perdigão arrendou, em março, uma fábrica, em Santa Maria, cidade-satélite no Distrito Federal. A produção dessa planta – cortes cozidos de aves, suínos e bovinos – é toda destinada ao mercado externo.

Com os últimos investimentos, a companhia também se prepara para atender novos clientes, como a China, que de concorrente deve passar a grande compradora de carne de frango do Brasil, acredita Secches. O motivo principal, diz, é que a produção de aves chinesa não cresce no mesmo ritmo que a demanda. Entre 2000 e hoje, a produção local de frango avançou 7,8%, para 9,99 milhões de toneladas. Já o consumo aumentou 8,5%, para 10,190 milhões de toneladas.

A posição brasileira no mercado mundial de frango também explica a aposta da Perdigão. Hoje, o Brasil tem 40% do mercado global da ave, após a saída quase total da Tailândia do mercado em decorrência da gripe aviária que dizimou plantéis. Com essa posição, os preços do frango no mercado internacional acabam sendo definidos pelos custos de produção no Brasil, afirma Secches. Assim, a Perdigão tem conseguido reajustar preços em dólar, compensando parte da desvalorização cambial.

No mercado doméstico, o desempenho também tem sido favorável, apesar de abaixo do imaginado no começo do ano, reconhece Secches. Sem informar os períodos, ele diz que os volumes avançaram cerca de 8% no mercado interno, onde a empresa conseguiu reajustar os preços em 7%.