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Simpósio Brasil Sul de Avicultura

<p>Líder mundial, Brasil amplia mercados para carne de frango em 2005, com projeções de crescimento de 10% nos volumes das exportações.</p>

Cláudio Martins, da Abef, em entrevista coletiva durante o IV Simpósio Brasil Sul de Avicultura, em Chapecó (SC)

Redação AI 06/04/2005 – Depois de crescer em média 20% ao ano no último quinqüênio e assumir a liderança absoluta nas exportações mundiais de carne de frango em 2004, o Brasil caminha para ampliar em 10% os embarques e em 15% as receitas cambiais para fechar 2005 com vendas que totalizarão volume de 2,7 milhões de toneladas e divisas da ordem de US$ 3 bilhões de dólares. Primeiro exportador mundial, o Brasil detém 42,8% do mercado internacional.

 

Ao projetar o desempenho do setor, em palestra no VI Simpósio Brasil Sul de Avicultura, realizada ontem (05/04), em Chapecó (SC), o diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), Cláudio Martins, alertou que o Brasil sofrerá forte pressão da concorrência internacional, assustada com o crescimento das exportações brasileiras.

 

Prevê que o jogo será duro, mas o Brasil está preparado para enfrentar práticas desleais de comércio, processos de salvaguardas, dumping, subsídios e falsas barreiras sanitárias: o governo e as indústrias ampliarão sua atuação nas áreas de decisão dos principais mercados e nas negociações agrícolas em órgãos multilaterais de comércio e blocos econômicos para manter a posição alcançada  e acessar novos mercados. Martins antecipou que a cadeia produtiva priorizará o plano nacional de sanidade avícola, elevará os padrões de exigência dos níveis de qualidade e segurança alimentar para as certificações de exportadores e, também, para o frango consumido no mercado interno.

 

O diretor assevera que o Brasil estará presente em novos mercados. Um deles é a China, país com o qual assinou acordo sanitário em novembro passado e já vendeu 20.000 toneladas no primeiro trimestre de 2005. Outro mercado é a Coréia do Sul, que deve comprar 10 mil toneladas neste ano. E, surpreendentemente, os Estados Unidos, dono da maior avicultura do planeta. Com os norte-americanos, o Brasil deve criar uma relação bilateral: exportar produtos cozidos neste ano e, produtos in natura em 2006. Indonésia, México e Chile também são alvo da estratégia exportacionista da Abef.

 

Números da grandeza

Nelva Grando, presidente do Comissão Central do Simpósio, ao lado de Cláudio Martins

Todas as expressões numéricas da avicultura brasileira são fantásticas, segundo os relatórios da Abef. Nos últimos dez anos (1994/2004) a produção cresceu 150%. No mesmo período, a produção de carnes suínas cresceu 102% e, de bovina, 51%. A participação do Brasil na produção mundial de frango subiu de 4,6% em 1975 (ano em que entrou no mercado exterior) para 15,4% em 2004.

 

A produção brasileira em 2004 foi de 8,494 milhões de toneladas, resultado do abate de 4,042 bilhões de aves. O País é o terceiro maior produtor mundial e o primeiro maior exportador. O mercado doméstico absorveu 71% (6,069 milhões de toneladas), permitindo um consumo per capita de 33,88 kg por habitante. A cadeia produtiva envolve 2,5 milhões de pessoas, maior parte delas no meio rural.

 

As exportações brasileiras de carne de frango registram crescimento de 167% no período 2000/2004 e atingiram, no ano passado,  quando os Estados Unidos foram destronados da posição, 2,424 milhões de toneladas (40% frango inteiro, 60% cortes).  Os principais mercados são Oriente Médio (30,2%), Ásia (26,6%) e Europa (17,7%), África (9,8%), Rússia (7,9%), América do Sul (3,4%) e outros (4,4%).

 

As divisas obtidas com o comércio de carne de frango chegaram a US$ 2,6 bilhões de dólares em 2004, o que representa 1,5% do PIB nacional. O Brasil remete a 141 países  29% do que produz, fazendo do frango o segundo maior produto na pauta de exportações do agronegócio.
O diretor executivo da Abef acentua que essa privilegiada posição “não caiu do céu” e foi conquistada porque o país tem o menor custo de produção, condições ideais de clima e meio ambiente, matéria-prima abundante (todo soja e milho necessário) e um competente sistema de integração que concilia a eficiência produtiva dos avicultores  com a capacidade de produção em escala dos frigoríficos. Além disso, o Brasil tem flexibilidade e capacidade para atender as necessidades dos países compradores, rigoroso controle sanitário e bons programas de marketing.

 

Organização mundial

 

Martins acredita que o Brasil comercializará, este ano, 2,7 milhões de toneladas de carne de frango no mercado externo

O Brasil está conduzindo, em nível mundial, um movimento pela criação da Organização Mundial de Aves, para normatizar e harmonizar temas complexos como sanidade animal, mercados, preços e controle da produção.

 

Dois problemas preocupam a Abef. A política cambial, com excessiva valorização do real, está retirando margens dos exportadores, que perdem competitividade. De outro lado, os cortes orçamentários do Ministério da Agricultura afetaram as áreas de vigilância e defesa sanitária animal num momento em que o mundo preocupa-se com a pandemia da gripe aviária.

 

 

 

 

 

As informações e fotos são de Marcos Bedin e de Veruska Tasca, de Chapecó (SC).