Da Redação 24/03/2005 – Com objetivo de investir em novas tecnologias criadas por cientistas brasileiros e estimular a pesquisa no país, a Ouro Fino Saúde Animal, empresa 100% brasileira que atua no segmento de medicina veterinária, firmou parceria com a Universidade Católica de Brasília (UCB). A parceria, que exigiu investimento inicial de R$ 1 milhão, tem como objetivo a obtenção de novos antibióticos com aplicação veterinária, elaborados através de pesquisas com DNA de microorganismos coletados em amostras de solo. A técnica utilizada é a do metagenoma, ou seja, seqüenciamento, purificação e isolamento direto de DNA de microorganismos com objetivo de criar um banco genômico. Os primeiros resultados devem aparecer no prazo de um ano.
O acordo de cooperação técnico-científico entre a Ouro Fino e a UCB foi firmado em dezembro passado e envolve o trabalho de pesquisadores que atuam na área de biotecnologia da universidade.
A idéia da parceria, segundo a médica veterinária Milenni Michels, responsável pela prospecção de acordos com as universidades, é atuar no desenvolvimento de produtos para o controle bacteriológico em animais, como aves, bovinos e suínos. “Apostamos na capacidade de nossos pesquisadores em criar produtos inovadores, com vantagens para o agronegócio brasileiro e capaz de concorrer no mercado externo, que detém hoje produtos gerados em modernos pólos tecnológicos”, afirma.
Além da UCB, a Ouro Fino vem, há 10 anos, ampliando e criando novas parcerias com outras entidades de ensino e pesquisa, entre elas a Universidade de São Paulo (Usp – Ribeirão Preto), Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal de Lavras (UFLA), Unaerp (Ribeirão Preto), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), e Instituto Butantan. Atualmente, os investimentos em P&D na Ouro Fino representam 5% do faturamento.
Alguns produtos desenvolvidos por meio dessas parcerias já foram disponibilizados no mercado como é o caso do Colosso (controle de parasitas) e do Mastifin (antibiótico para combate da mastite, infecção na glândula mamária do gado). A veterinária Milenni Michels acrescenta que a parceria com as universidades serve como uma ponte entre a pesquisa, o cientista e o mercado, uma vez que existe a necessidade de que os estudos feitos nas universidades sejam transformados em bens para a sociedade. A empresa conta com sete projetos de biotecnologia em andamento.
Na pesquisa com a UCB, o professor da UCB, Ruy Caldas, coordenador estratégico da parceria, explica que a metodologia usada nas pesquisas permite descobrir uma multiplicidade de substâncias que, além da sua eficácia, poderão ser escolhidas para aplicação de acordo com o menor impacto na geração de resíduos deixados na carne.
Os primeiros resultados dessa parceria são esperados já no prazo de um ano, quando os antibióticos estarão disponíveis para testes pré-clínicos, e assim que comprovados os resultados, poderão ser lançados no mercado.
Parceria de sucesso O relacionamento entre universidades e empresas com o objetivo de desenvolver pesquisas inovadoras vem, cada vez mais, trazendo resultados benéficos para os dois setores. Nessa pesquisa com a UCB, a Ouro Fino está oferecendo recursos financeiros e equipamentos para o desenvolvimento das pesquisas, enquanto a universidade oferece o conhecimento acadêmico de seus pesquisadores. “É muito importante unir o conhecimento mercadológico ao acadêmico para, assim, chegarmos a um resultado importante para a sociedade”, coloca a veterinária Milenni Michels. Dessa parceria, os pesquisadores receberão pagamento de royalties, baseado no valor gerado com a venda do produto no mercado.