Redação AI 09/01/2004 – 05h50 – As exportações brasileiras de carne de frango registraram um crescimento tão significativo nos últimos anos que o problema da vaca louca, caso continue sem controle, terá uma influência pouco significativa frente aos números já conquistados. “O aparecimento da doença nos Estados Unidos favorece o Brasil no curto prazo, pois mercados compradores de frango brasileiro, como os do Ásia, já sinalizaram intenção de aumentar os negócios este ano, mas essa tendência é sazonal”, afirma o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (Abef), Júlio Cardoso.
Apesar disso, a indústria brasileira, que havia estimado em dezembro um crescimento de 3% em volume nas exportações de frango em 2004, projeta agora um aumento de até 10%, sendo 15% em receita. “O Brasil está extremamente bem preparado para atender a um aumento da demanda”, diz o presidente da Abef.
Tendências
Segundo a Associação dos Avicultores de Minas Gerais (Avimig), não há motivos para euforia, pois as questões sanitárias e de zoonoses geralmente são rapidamente resolvidas, principalmente em países com o poder de organização dos Estados Unidos.
“Não há produtores aumentando a produção para atender mercado externo por causa dos problemas com a carne bovina norte-americana. Há, sim, uma tendência cada vez maior no mundo em optar pela carne de frango por causa dos menores riscos com problemas sanitários e com as zoonoses, que podem ter conseqüências gravíssimas, como acontece com a doença da vaca louca e também por questões de saúde”, afirma a superintendente da Avimig, Marília Ferreira.
Também para Mauro de Freitas Pereira, 47, sócio-proprietário da Granja Planalto, situada em Uberlândia e especializada no aprimoramento genético, não há motivo para precipitação, pois a economia norte-americana pode rapidamente se recompor e superar a crise que está vivendo. Mauro Pereira trabalha há vinte e seis anos no ramo e conhece a força do principal exportador de frango do mundo, que é o próprio Estados Unidos. “Somos o segundo exportador mundial e o primeiro do mundo em valores (dólares). Estamos muito bem, crescemos muito no ano passado, mas não podemos subestimar a força econômica do mercado norte-americano, que tem o poder de se reestabilizar rapidamente”, afirma o empresário.
Mauro Pereira lembra por exemplo as dificuldades que o próprio mercado da carne bovina brasileira enfrenta em alguns países. “O Japão é um dos países que não aceita a carne bovina brasileira, por questões de padrão de qualidade. Já o mercado de frango no Brasil está constantemente indo bem, principalmente nos últimos dois anos, mas ainda há mercados a conquistar”, explica.