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Alemanha e Brasil discutem G-20

A redução das barreiras ao comércio internacional e dos subsídios à agropecuária será um dos temas centrais da pauta do G-20 neste ano.

Da Redação 17/02/2004 – 05h35 – A redução das barreiras ao comércio internacional e dos subsídios à agricultura será um dos temas centrais da pauta do G-20 neste ano. “Do nosso ponto de vista, a liberalização no comércio internacional é uma pré-condição para a melhoria da situação econômica dos países do terceiro mundo”, disse o ministro da Fazenda da Alemanha, Hans Eichel, depois de uma reunião de cerca de duas horas com seu colega brasileiro, Antônio Palocci. “Chegamos a um consenso no sentido de colocarmos dentro do G-20 um acento muito forte na necessidade de manter e incrementar a liberdade de comércio e diminuir os subsídios na área agrária.”

O G-20 é um grupo que reúne 19 países em desenvolvimento e ricos, a União Européia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, funcionando como uma rede informal de autoridades econômicas para prevenir crises financeiras. A Alemanha preside o G-20 este ano e, nessa condição, Eichel iniciou uma agenda de aproximação com as economias emergentes integrantes do grupo. Depois de encontrar-se com Palocci, ele foi recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Além da liberalização do comércio internacional, os dois ministros concordaram sobre a necessidade de adotar um Código de Conduta para a renegociação da dívida soberana de países em crise. Outro tema tratado na reunião foi o aumento dos investimentos alemães no Brasil. “Não posso comandar a vinda de empresas alemãs, mas vamos incentivar”, prometeu.

Segundo Eichel, um maior acesso dos bens produzidos por economias emergentes ao mercado mundial é uma das formas de atingir os objetivos do G-20, que são a estabilidade do sistema financeiro internacional e a redução dos desequilíbrios entre as economias. Há, porém, um longo caminho até se atingir esse ponto, e tanto os países emergentes quanto os desenvolvidos têm contribuições a dar.

“O Brasil, sobretudo no governo Lula, tem um papel relevante porque considera o Consenso de Washington insuficiente e vê a necessidade de acrescentar-lhe uma dimensão social e sobretudo uma dimensão que se refira à distribuição de renda”, comentou. “Acho que a tentativa de combinar uma política financeira sensata e sustentável com a implementação de reformas sociais é exemplar e merece apoio de todos dentro e fora do Brasil.”

Ele disse que os Estados Unidos devem reduzir seu déficit orçamentário “de uma forma plausível a médio prazo e aumentando a taxa privada de poupança interna.”A Ásia, principalmente a China, acredita ele, poderia contribuir adotando uma política de juros mais flexível. Já a Europa poderia aumentar suas chances de crescimento econômico com a promoção de reformas estruturais em sua economia. “Países emergentes deveriam contribuir fazendo suas próprias reformas estruturais e criando condições para garantir o tratamento sustentado do seu endividamento. Nesse sentido, o Brasil está num bom caminho”, comentou Eichel.