Da Redação 01/03/2004 – 05h47 – A agricultura catarinense vive um momento de contrastes. Enquanto alguns produtores comemoram recordes de produtivividade, outros lamentam prejuízos e quebra da safra pela estiagem.
O agricultor Ivan Zeni, de Guatambu, está no primeiro grupo. Ele deve colher 3,3 mil sacas de milho em uma área de 20 hectares. A média de produtividade é de 167 sacas por hectare, o dobro da média estadual no ano passado e comparável às melhores lavouras do mundo.
Zeni se empolga com o resultado deste ano 26% superior a 2003, quando colheu 132 sacas por hectare. Além de contar com o clima propício, ele investiu R$ 17 mil em insumos, como 600 quilos de adubo químico.
Por outro lado, o gerente de cereais da Cooperativa Regional Alfa (Cooperalfa), Lodaci Scartezini, informou que as lavouras do Planalto Norte apresentam quebra de 30%. Em toda a área de abrangência da Cooperalfa, a quebra deverá ser de 10%, reduzindo uma previsão de 5,5 milhões de sacas para 4,9 milhões.
Icepa destaca resultado de primeiro mundo
O agrônomo do Instituto de Planejamento e Economia Agrícola de Santa Catarina (Icepa), Simão Brugnago Neto, disse que a estiagem afetará a safra estadual, que não deve chegar a 4,1 milhão de toneladas. Ele afirmou que regiões de grande produção, como Campos Novos, sofreram com a estiagem. Mesmo assim, segundo ele, algumas lavouras vão atingir produção superior a 10 mil quilos por hectare (166 sacas). “É produtividade de primeiro mundo.”
O secretário-geral da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina, Enori Barbieri, destacou que há casos de produtividade até de 180 sacas por hectare. Ele acredita que o bom resultado das lavouras mais precoces poderá compensar perdas com estiagem. Barbieri ainda mantém a expectativa de 4,3 milhões de toneladas para o Estado.
Ele também considera que, apesar de uma previsão de queda na produção nacional, estimada inicialmente em 46 milhões de toneladas, não haverá escassez de milho. Mesmo que a safrinha alcance apenas 6 milhões de toneladas, metade do ano passado, a produção será suficiente para um consumo nacional de 39 milhões de toneladas.