Da Redação 01/03/2004 – 06h10 – A colheita de soja segue em ritmo acelerado no oeste do Paraná. Há 15 dias, o preço da saca era negociado a R$42. Essa semana chegou perto dos R$45. Um aumento de 7%. A alta é resultado do crescimento do consumo mundial e de problemas climáticos que afetaram a safra da Argentina, do Brasil e dos Estados Unidos. “A safra americana estava estimada em 75 milhões de toneladas e acabou fechando com 65 milhões, 10 milhões de toneladas de soja a menos. O que fortaleceu o mercado”, analisa o agrônomo da Embrapa Antonio Roessing.
O agricultor Gion Gobbi ainda tem parte da lavoura para colher e pretende estocar a produção. Ele quer aguardar o melhor preço. “Eu tenho que investir na próxima safra, adquiri adubo, insumo e máquinas”.
A alta trouxe alegria para os produtores, mas causa preocupação para os criadores de frangos e porcos. Com o aumento da soja em grão, sobe também o custo de produção.
Na propriedade de Abrilino Cielo, os 1.500 animais consomem em média 60 toneladas de ração a cada trinta dias e o produtor já sabe, vai gastar pelo menos 600 reais a mais por mês para comprar o farelo de soja. Seu Abrilino tem a própria fábrica de ração. Na última compra ele já comprou dois reais a mais do que costumava em cada saca de farelo de soja.
A produção dele já está vendida. O quilo do leitão vivo sai por R$2,70. O produtor não vai poder repassar o aumento no custo. “A tendência é diminuir a margem de lucro, a não ser que as empresas integradoras se conscientizem em trabalhar com um lucro menor e repassar a pequena margem de lucro para o produtor, do que tirar a gente do mercado”.
Um frigorífico de Cascavel abate 150 mil frangos por dia. Dilvo Grolli, presidente da cooperativa, diz que o aumento da soja vai ter conseqüência no preço da carne. “O aumento da saca da soja reflete no aumento do custo do farelo e do óleo. Esse aumento vai para a ração e para a carne de frango e de porco. Nesse momento vai haver um repasse de preço ao custo final dessas carnes”.