Da Redação 15/03/2004 – 04h56 – As máquinas estão tirando do campo no Paraná uma safra de milho calculada em sete milhões e seiscentas mil toneladas, quinhentas mil a menos que na colheita de verão do ano passado. Os agricultores plantaram este ano cem mil hectares a menos de milho, porque acreditaram mais na soja. A colheita está mais adiantada na região Oeste.
De acordo com a Secretaria da Agricultura, metade das lavouras da região de Cascavel já foi colhida e a produtividade deve ser igual à do ano passado, aproximadamente sete mil e quinhentos quilos por hectare.
O agricultor Ildo Panizzon ainda não colheu os oitenta hectares que plantou. Ele está preocupado com o preço atual do produto no mercado. “Com toda essa alta de insumos, fertilizantes, etc. O preço do milho ficou com uma margem muito pequena, então você fica muito limitado com o lucro”, reclama o agricultor Ildo Panizzon.
Na região de Cascavel, a saca do milho foi vendida essa semana por dezesseis reais. Segundo o cálculo das cooperativas, é apenas um real acima do custo de produção.
“Com certeza ano que vem não planto nem um pé de milho na safra normal, e vai tudo pra aquilo que está acontecendo na nossa região, risco de safrinha”, teme o agricultor Agassiz Linhares.
Para os corretores, o preço baixo do milho no momento tem como explicação não apenas a entrada da safra. A exportação também diminuiu.
“Até esses dias atrás, mandava no mercado interno o setor exportador, ou seja, nós tínhamos um preço baseado na paridade de exportação. Hoje a coisa começa a mudar, o setor exportador sai de cena em função das exportações de soja, que começam a se acirra agora, e começa a mandar no mercado o consumidor interno”, analisa o corretor Celso Pessoa.
A Bolsa de Mercadorias e Futuros em São Paulo já aponta uma tendência para o segundo semestre. Nos contratos com vencimento para o mês de novembro, a saca de milho foi negociada na última quinta-feira por R$ 24,00. No atacado em São Paulo, a saca foi vendida na semana por R$ 18,00. Comparando-se os dois preços, temos uma diferença de 33 por cento. O diretor de mercados agrícolas da bolsa comenta essa valorização.
“É uma diferença grande, porque se você comparar com a taxa de juros de mercado ela acaba sendo extremamente atrativa. Se você considerar que a taxa de mercado está em torno de 17%, a diferença entre safra e safra está mais de 30%”, explica Félix Schouchana, diretor da BM&F.
Mesmo com a produção um pouco menor, a Conab calcula que o mercado brasileiro não terá problemas de abastecimento de milho este ano. Sobrou da safra anterior um estoque de cinco milhões de toneladas.