Da Redação 15/03/2004 – 06h22 – Na última semana de fevereiro, a Coamo Agroindustrial Cooperativa, a maior do gênero na América Latina, fez sua distribuição anual de sobras de dinheiro de 2003. Foram R$ 73 milhões pagos a 18 mil associados. Isso teve reflexos diretos em Campo Mourão, sede da cooperativa, e em outras 50 cidades do Paraná e de Mato Grosso do Sul, onde a Coamo tem entrepostos.
Na maior beneficiada, Campo Mourão, cidade de 82,2 mil habitantes a 454 km a noroeste de Curitiba, boa parte do dinheiro foi gasta em máquinas novas e imóveis. No total, as sobras da Coamo em 2003 foram de R$ 243 milhões, a maior fatia reinvestida em programas de tecnologia e formação de fundos para comercialização e expansão de atividades.
O desempenho do agronegócio soja foi responsável por esses números, em uma região em que os empregos, o comércio das pequenas cidades próximas a Campo Mourão e praticamente todas as atividades dependem do desempenho da cooperativa. “Aproveitamos a boa fase da soja. Nossos associados são profissionais e sabem que precisam aproveitar os ciclos bons para enfrentar os maus momentos”, diz José Aroldo Galassini, 62, presidente da Coamo desde 1975.
Segundo Galassini, que fundou a Coamo em novembro de 1970 com outros 78 agricultores, a cooperativa Coamo só conseguiu ser o que é hoje graças ao empenho no desenvolvimento tecnológico e ao cuidado com o solo.
Na década de 70, a região era conhecida como produtora dos três “S”: o sapé e a samambaia (plantas invasoras que indicam acidez no solo) e a saúva (formiga devoradora de culturas agrícolas). O surgimento de novas tecnologias e a implantação das culturas de trigo e soja possibilitaram a virada e a transformação da região em grande produtora de grãos.
Hoje a cooperativa responde por 4% da produção nacional de grãos e fibras (algodão), 16% da produção de grãos das cooperativas brasileiras e por 50% da produção das cooperativas paranaenses. É o 23 maior exportador brasileiro. Só de ICMS e encargos sociais, desembolsou em 2003 R$ 142 milhões. No ano passado, o faturamento bruto da cooperativa ficou em R$ 3,3 bilhões. A cooperativa emprega 3.700 funcionários, 60% deles na sede, em Campo Mourão. Na zona rural vivem 2.200 habitantes, e as terras rurais estão nas mãos de só 1.648 proprietários.
Os bons preços da soja no mercado internacional nos últimos três anos aqueceram setores da economia voltados paras as classes A e B, como um incremento na venda de máquinas, tratores e implementos agrícolas e na valorização do mercado imobiliário. O município teve também uma expansão na construção civil, com um aumento de 24,7% no volume de área construída de 2002 para 2003.
“Nossos empreendimentos se valorizaram até 70% nos últimos dois anos, e hoje há uma escassez de oferta de imóveis”, afirma Marco Antônio Kunzler, 43, responsável pelo primeiro condomínio horizontal de Campo Mourão, o Village das Hortênsias.