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Fiscais podem trocar greve por operação-padrão

Com o fim da paralisação, a liberação dos embarques de produtos agropecuários deve começar a ser retomada hoje em todos os portos, aeroportos e postos de fronteira.

Da Redação 19/03/2004 – 06h47 – A greve dos fiscais federais agropecuários, que travou boa parte das exportações brasileiras esta semana, pode terminar nesta sexta-feira. Mesmo sem acordo com o governo sobre o reajuste salarial da categoria, o comando de greve propôs ontem aos líderes do movimento nos Estados que, em vez da paralisação, os fiscais passem a promover uma operação-padrão em todo o país. A flexibilização do movimento foi negociada com o governo, que admite melhorar sua proposta de reajuste.

“Não podemos causar mais prejuízos aos produtores e exportadores”, disse o presidente de honra da Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa), José Silvério, que participa das negociações com o governo. Segundo ele, os ministérios da Agricultura e Planejamento aceitaram abrir novas negociações em torno dos salários, desde que a greve fosse suspensa.

Com o fim da paralisação, a liberação dos embarques de produtos agropecuários deve começar a ser retomada nesta sexta em todos os portos, aeroportos e postos de fronteira. Mas isso não vai significar o fim dos problemas. Em uma operação-padrão, o trabalho de fiscalização será detalhado e levará muito mais tempo do que o normal.

A greve, que começou na segunda-feira, já ameaçava paralisar alguns setores que dependem das exportações, como o de carnes. Os fiscais agropecuários pedem um reajuste médio de 30% e o governo só admitia aumentos de 4% a 20%, dependendo da faixa salarial. As negociações continuam semana que vêm.

Nesta quinta, representantes dos frigoríficos do Rio Grande do Sul pediram que os grevistas liberassem pelo menos as cargas que já estão prontas para embarques no postos de fronteira e nas empresas enquanto esperam a nova proposta do governo federal.

Em contrapartida, os sindicatos empresariais se comprometeram a ajudar nas negociações entre os grevistas e o governo, disse o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Carnes e Derivados do Estado (Sicadergs), Zilmar Moussalle. O presidente da entidade, Mauro Lopes, disse que as empresas reconhecem o “mérito” das reivindicações dos fiscais. Conforme Moussalle, se não houver uma “flexibilização”, o frigorífico Mercosul, de Bagé, que já suspendeu os abates, pode começar a demitir. Segundo ele, os frigoríficos Extremo Sul e Pampeano também poderão parar. Cerca de 1 mil toneladas de carne bovina – ou US$ 2 milhões – estão prontas para embarque no Rio Grande do Sul, à espera da certificação sanitária, calcula.

A secretária-geral da Associação dos Fiscais Agropecuários do Ministério da Agricultura no Estado (Afama-RS), Rosinha Mesquita, disse que a proposta dos frigoríficos será analisada nesta sexta, mas a diretoria da entidade não apresentará indicativo à assembléia. Além do reajuste de 30% nos salários (até agora o governo propôs 7%, na média), os grevistas querem melhores condições de trabalho.

O diretor-executivo do Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips), Rogério Kerber, calcula que a cada dia de greve o Rio Grande do Sul deixa de exportar 500 toneladas do produto, a um preço médio de US$ 1,2 mil a tonelada. “As empresas, especialmente as exportadoras, estão reduzindo os abates ou em vias de parar porque a capacidade de estocagem está se esgotando”, explica. No setor de aves, são 2 mil toneladas, o equivalente a US$ 2 milhões, que deixam de ser embarcadas por dia, estima a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav).