Da Redação 30/03/2004 – 06h29 – Medidas tomadas ontem pelo governo federal devem elevar o crédito destinado por bancos ao financiamento da agricultura em até R$ 3,7 bilhões nos próximos três anos. As medidas foram anunciadas pelo ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Ele avalia que existe uma escassez de recursos para financiamentos agrícolas devido ao crescimento da produção no campo nos últimos dois anos.
As ações que vão garantir a ampliação de recursos para o agronegócio foram aprovadas na reunião de ontem do Conselho Monetário Nacional (CMN) e incluem o aumento de recursos para o financiamento de máquinas (Moderfrota e Finame Especial). O CMN também autorizou bancos cooperativos a concederem empréstimos subsidiados pelo Tesouro Nacional (poupança rural) e elevou a porcentagem mínima do total de depósitos na poupança rural (bancos públicos) que precisam ser aplicados no setor.
Até 2007, os três bancos que oferecem aplicações em poupança rural Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Banco da Amazônia deverão direcionar 65% dos recursos captados para sustentar linhas de crédito ao agronegócio. Hoje esse percentual é de 40%. No entanto, dos cerca de R$ 27,5 bilhões captados pelos três bancos, pouco mais de R$ 15 bilhões (ou 54,5%) já são direcionados ao setor. Por isso, o ganho com a medida se restringe a 10% do total de recursos captados, ou R$ 2,7 bilhões.
Além disso, a medida, que prevê a elevação gradual do direcionamento, passaria a ter efeito prático somente em 1o. de setembro de 2006, quando 60% dos recursos captados deverão necessariamente ser transformados em crédito rural. Esse percentual deverá subir para 65% em 1 de setembro de 2007, completando os efeitos da medida.
Outra decisão do CMN aprovada ontem prevê que bancos controlados por cooperativas de crédito poderão passar a captar recursos com a poupança rural. Os bancos cooperativos, no entanto, terão desde o início do funcionamento que obedecer à regra de direcionar 65% dos recursos captados para o financiamento agrícola. O diretor de Normas do Banco Central, Sérgio Darcy, estima que em um prazo de dois anos a medida eleve em R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão o crédito disponível para o financiamento do agronegócio. Dessa forma, juntas as medidas sobre a poupança teriam um impacto de até R$ 3,7 bilhões.