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Alta da soja é insuficiente para compensar a quebra.

Segundo o economista Martinho Lazzari, os reajustes recentes no preço do grão devem servir apenas para minimizar os prejuízos.

Da Redação 28/04/2004 – 11h57 – O aumento do preço médio da soja de 42% no último ano é insuficiente para compensar a quebra da safra 2003/04, que deve fechar entre 5,5 milhões e 6 milhões de toneladas, contra 9,5 milhões de toneladas do plantio anterior. As informações são da Carta de Conjuntura do mês de abril da Fundação de Economia e Estatística (FEE), lançada ontem. O levantamento foi elaborado sobre os dados colhidos pela Emater entre 16 a 23 de março.

Segundo o economista da FEE Martinho Lazzari, um levantamento inicial indica perdas de R$ 2,4 bilhões com a seca, incluindo as culturas de soja e milho. Este valor corresponde ao efeito multiplicador que a quebra de safra tem na economia e equivale a cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho. “Os efeitos diretos devem ser a redução de compra de insumos, máquinas e equipamentos para o setor agrícola, fora os indiretos, como o comércio, por exemplo”, observa.

Lazzari destaca, porém, que o cálculo das perdas com a seca foi feito “por cima”, e foi divulgado com ressalvas. Como as informações referem-se à penúltima semana de março, a situação pode ter sofrido algumas modificações.

O plantio de 3,9 milhões de hectares de soja do período 2003/04 no Rio Grande do Sul representa um aumento de 8,5% em relação à área plantada entre 2002/03. Porém, a produtividade deve apresentar uma redução drástica. Da produtividade média de 2002/03 de 2.667 quilos por hectare, o Estado deve colher 1.554 quilos por hectare, uma queda de 41,7% em relação à produtividade da safra 2002/03.

Este ano, o volume brasileiro da oleaginosa vai ficar abaixo da previsão inicial de 59 milhões de toneladas. A expectativa do setor é que o desempenho repita ou apresente redução em relação ao ano passado, quando totalizou 52 milhões de toneladas. Isso por que os principais estados produtores nacionais tiveram problemas com a safra. Enquanto o líder Mato Grosso sofreu com a umidade excessiva, Paraná e Rio Grande do Sul, segundo e terceiro no ranking de produção nacional da oleaginosa, tiveram o impacto da seca.

O economista explica que a redução de oferta frente ao aumento de demanda fez a cotação da commodity disparar no mercado internacional. O preço na bolsa de Chicago passou de US$ 12,79 em março de 2003 para US$ 22,68 no terceiro mês deste ano. Também os produtores gaúchos tiveram aumento do preço, mas em proporção menor. De acordo com levantamento feito pela FEE, a média da cotação de abril ficou em R$ 50,00, alta de 42% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Apesar da alta de preços, Lazzari avalia que ainda é insuficiente para reverter perdas, servindo apenas para minimizar o impacto da quebra.

A alta do preço da soja deve impactar em breve no bolso do consumidor. Contudo, ainda é cedo para estimar o porcentual de reajuste.