Da Redação 30/04/2004 – 06h50 – As exportações garantiram um lucro de R$ 10,01 milhões para a Seara Alimentos no primeiro trimestre deste ano, um valor 23,5% maior que o apurado no mesmo período de 2003. Conforme o balanço da empresa, a receita bruta no período cresceu 27,7%, para R$ 556,2 milhões. Segundo o diretor financeiro da Seara, Ivo Dreher, foi o desempenho das exportações o principal motor do resultado. Apesar da greve dos fiscais agropecuários federais, os embarques subiram 24,6%, para 107,3 mil toneladas. “Não fosse a greve que atrasou os embarques, o aumento teria superado 30%”.
Além do maior volume embarcado, os preços de aves e suínos nas exportações subiram 34,8% e 17,1%, respectivamente. Nos dois casos houve melhora no mix de produtos exportados. Para o frango, houve também maior demanda por conta da gripe aviária na Ásia e nos EUA. Dreher afirmou que o crescimento nos volumes de carne de frango embarcados ainda tiveram pouco reflexo do problema sanitário.
Com esse desempenho, as vendas externas da Seara somaram US$ 399,4 milhões, 35,3% mais que o apurado no primeiro trimestre de 2003. A geração de caixa atingiu R$ 36,7 milhões ante R$ 35 milhões no primeiro trimestre do ano passado.
Devido à maior exportação de frango, a Seara vendeu menos produto in natura no mercado interno (queda de 19,8% para 10,1 mil toneladas). Os industrializados caíram 2,7%, para 28,5 mil toneladas.
Para Dreher, o recuo na venda de industrializados pode ser explicado pelo fraco desempenho da economia no primeiro trimestre. A empresa elevou em 10% o preço de venda dos industrializados no mercado interno no período por conta da alta dos custos de produção e do aumento da Cofins.
Esses aumentos e a valorização de 17% do real no primeiro trimestre pressionaram as margens da Seara no período. “Apesar dos preços maiores em dólar, o real se valorizou e o farelo de soja teve alta de 25% em dólar”, afirmou. Com isso, a margem bruta caiu para 24% contra 26,8% no primeiro trimestre de 2003.
A valorização do real permitiu à Seara reduzir o endividamento financeiro líquido, para R$ 446,8 milhões em 31 de março deste ano contra R$ 484,4 milhões em igual data de 2003. A exposição ao dólar cresceu para 62,1% contra 47,5% anteriores. “Com o câmbio mais estável, fizemos mais captações em dólar”.
Os números recentes da Seara têm atraído investidores. Os fundos e carteiras administrados ou geridos pela Hedging-Griffo Asset Management Ltda e Hedging-Griffo Corretora de Valores S.A, por exemplo, alcançaram em 1 de abril, um percentual de 15,03% do total de ações preferenciais da empresa, que soma 22,9 bilhões. Cumprindo determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a Hedging-Griffo, enviou comunicado ao órgão e à bolsa esclarecendo “que não se trata de aquisição de controle da companhia, mas sim investimento que não objetiva alterar a administração, composição de controle ou regular o funcionamento da mesma”. Bruno Baptistella, analista de investimento da Hedging-Griffo Asset, disse que o investimento se justifica porque os papéis da Seara “estão baratos e têm potencial de valorização”, pois a empresa é uma grande exportadora.
Mas para alguns analistas, a Hedging Griffo poderia estar elevando a aposta na Seara à espera de uma eventual venda. No caso de fechamento de capital da empresa, os acionistas poderiam obter ganhos. Baptistella negou que essa possibilidade tenha motivado o investimento e disse que o fechamento de capital “nem sempre é positivo”.