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A boa forma da Perdigão

O ano de 2004 já entrou para a história da empresa: ações em alta, lucro recorde e agora vem aí uma nova fábrica de R$ 240 milhões.

Da Redação 24/08/2004 – O calendário que ocupa apenas alguns centímetros da mesa do presidente da Perdigão, Nildemar Secches, tem um grande círculo vermelho em 2004. E não se trata apenas de mera referência ao ano em que o grupo completa sete décadas de existência. O círculo marca um período de recordes da empresa de alimentos. O lucro líquido no segundo trimestre alcançou inéditos R$ 90,7 milhões e as ações da companhia valorizaram-se 65% no acumulado do ano até o dia em que Secches apresentou os números ao mercado. No campo das exportações, novas vitórias: em 2004, a empresa conquistou o cobiçado Japão, tomando o espaço de fornecedores tradicionais da Ásia.

O segredo de tantas marcas num único ano? A Perdigão está colhendo os frutos de investimentos pesados nos últimos três anos. Só em Rio Verde (GO), gastou R$ 410 milhões na construção de um complexo industrial no início do ano 2000, o que lhe deu fôlego para brigar no mercado interno e abriu as portas para exportações. Agora, a Perdigão volta a Goiás para abrir nova fábrica, desta vez no município de Mineiros. Custo da obra: R$ 240 milhões. Uma cifra considerável até para os padrões da corporação, cujo faturamento líquido foi de R$ 3,8 bilhões em 2003. O complexo industrial de Mineiros, voltado para os segmentos de peru e chester, estará pronto até o segundo semestre de 2006. Município distante 430 quilômetros da capital Goiânia, a cidade de 45 mil habitantes viverá uma verdadeira revolução. Além dos R$ 240 milhões que a Perdigão vai despejar na localidade, a iniciativa deverá atrair mais R$ 270 milhões, bancados pelos produtores integrados que abastecem a empresa. Os parceiros precisarão construir pelos menos 200 módulos de fabricação (postos ocupados pelos diversos tipos de fornecedores: de ração, de aves, e outros).

Outras regiões

Mas o Centro Oeste do País não é o único alvo da empresa alimentícia. No Rio Grande do Sul, a Perdigão vai aplicar R$ 31 milhões. Metade da cifra seguirá para a fábrica e o centro de distribuição em Marau (RS) e o restante terá como destino as demais unidades gaúchas da empresa. Analistas do mercado atestam que os investimentos não são obra do acaso, mas sim um sinal claro de que o grupo, administrado por um pool de investidores, vive um momento especial. Os seguidos bons resultados têm despertado o interesse da concorrência. A Sadia, Sara Lee, GP Investimentos já demonstraram interesse no passado.

E quando o momento é bom até gripe aviária do outro lado do mundo ajuda a fechar contratos. “A doença atingiu os principais fornecedores do Japão, que é um dos maiores compradores de carne branca do mundo. Sem a Tailândia, principal parceira dos japoneses, na jogada, a Perdigão fechou o contrato e melhorou significativamente o seu resultado”, explica Marcio Kawassaki, analista da Fator Corretora.

Os números corroboram a análise. Entre janeiro e junho de 2004, a Perdigão mandou para a região chamada por ela de Extremo Oriente, o que inclui o Japão, 30% das suas exportações. Um crescimento significativo, já que no primeiro semestre do ano passado, essa mesma zona de compra representou 20% dos embarques da empresa. A Perdigão não se esquecerá tão cedo de 2004.