Da Redação 25/10/2004 – Começam a ser negociadas hoje, na bolsa de Nova York, as ações da The Mosaic Company, gigante do setor de fertilizantes formada pela união entre os negócios mundiais de adubos da multinacional americana Cargill e a IMC Global, tradicional companhia do setor nos EUA. Com sede no Estado de Minnesota, a nova empresa chega ao mercado com faturamento anual previsto em US$ 4,5 bilhões, produção em 15 países, representantes em outros 30 e ativos estimados em US$ 7,2 bilhões. A Cargill, que deixa de contar com uma divisão de fertilizantes em sua estrutura, tem participação de 66,5% na Mosaic; os atuais sócios da IMC, que deixa de existir, detêm os 33,5%.
“Estamos criando uma nova e independente companhia, que vai unir as experiências de 140 anos da Cargill, que há 44 atuava na área de fertilizantes, e de mais de 100 anos da IMC”, diz Sergio Barroso, presidente da Cargill no Brasil. Ele acumulará, com cláusula de confidencialidade, a presidência da Mosaic no país. A “criatura” será mais equilibrada do que as criadoras, já que contará nos fertilizantes com os pontos fortes da IMC (fosfato e potássio) e da Cargill (fosfato, nitrogênio e distribuição). Nitrogênio, fosfato e potássio – o trio NPK – são as principais fontes das matérias-primas para adubos.
Conforme Rick Mc Lellan, que troca sua funções na subsidiária brasileira da Cargill pela diretoria-geral de operações da Mosaic no país, em fosfato e potássio a nova companhia é líder global; nos chamados nitrogenados, está na segunda posição. A maior empresa de fertilizantes do mundo continua sendo a Yara, criada no início do ano a partir dos negócios de adubos da norueguesa Norsk Hydro. As vendas operacionais anuais da Yara, que no Brasil herdou o controle da Adubos Trevo, deverão superar US$ 6 bilhões, segundo cálculo baseado em resultados trimestrais disponíveis em sua página na internet (www.yara.com).
Aparentemente não há por parte da Mosaic, pelo menos nesta fase inicial, grande preocupação em partir para uma disputa pela liderança mundial do setor com os noruegueses – que, ainda como Norsk Hydro, produziram 22 milhões de toneladas de nutrientes no ano passado. Para Barroso, num primeiro momento o importante é definir com calma as prioridades e conquistar “coração e mentes” dos funcionários da companhia, que vêm de culturas diferentes. Mas, o Valor informou em janeiro, quando foi anunciada a intenção de se formar uma companhia a partir da união da IMC com os negócios de adubos da Cargill, a expectativa era de que aquele embrião, que hoje nasce batizado de Mosaic, cresceria 30% em três anos.
Com um total de 8,2 mil funcionários, a Mosaic larga com operações concentradas nos EUA, que abrigará dois terços do capital humano. Fora daquele país, o Brasil terá 60% dos demais empregados, lembrando que a IMC não mantinha operações diretas no mercado brasileiro. Em 2003, informa Barroso, a divisão brasileira de fertilizantes da Cargill registrou receita de US$ 539 milhões, ante um faturamento total da ordem de US$ 4,2 bilhões da multinacional no país.
Como todos os investimentos que estavam sendo realizados separadamente por Cargill ou IMC no setor de fertilizantes serão continuados pela Mosaic, a empresa já fará sua primeira inauguração no Brasil esta semana. Trata-se, conforme Barroso, de uma unidade de mistura de fertilizantes em Sorriso (MT). Em fevereiro, adiantou o executivo, outra unidade semelhante começará a operar em Rio Verde (GO), onde em agosto passado a Cargill inaugurou sua sexta processadora de grãos no país, que absorveu aporte de R$ 65 milhões.
Passam às mãos da Mosaic as fábricas já em operação em Cubatão (SP), Alto Araguaia (MT), Paranaguá (PR), Uberaba (MG), Monte Alto (SP) e Candeias (MT). No total, a capacidade de produção da nova companhia chega atualmente a 383 mil toneladas por mês, suficiente para garantir um “market share” de 11% no mercado interno, cuja demanda foi de 22,4 milhões de toneladas em 2003. Também está prevista a expansão da Fospar, terminal de descarga de adubos no porto de Paranaguá, outro projeto iniciado pela Cargill. Em portos, a Mosaic herdará, além do terminal em Paranaguá – capaz para armazenar 60 mil toneladas – outros em Rio Grande (RS), Porto Alegre, Santos e Aratu (BA). De acordo com Barroso, a Cargill investiu US$ 235 milhões em fertilizantes no Brasil de 1999 ao ano passado.
O presidente informou, ainda, que a Mosaic também herda a participação de 33,43% que a Cargill detinha na Fertifos, holding que controla o grupo Fosfertil/Ultrafertil, maior fabricante de matérias-primas para adubos do Brasil. A maior acionista da Fertifos é a multinacional Bunge, mas todos os projetos da Fosfertil, que tem estudos para investir quase US$ 1 bilhão no país ao longo dos próximos anos, dependerão também do aval da Mosaic. Vale lembrar que Sergio Barroso ocupa hoje a presidência do conselho da Fosfertil.
Rick Mc Lellan informa que situação semelhante a Mosaic viverá na China, onde a companhia herdará a participação que a Cargill mantinha em uma das principais fabricante de matérias-primas para adubos do país asiático.