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Indústria veterinária deve crescer 14%

Projeção indica que faturamento das empresas do setor no país chegará a US$ 700 milhões no ano.

Da Redação 29/11/2004 – As empresas do setor veterinário que atuam no país esperam encerrar o ano com faturamento conjunto de US$ 700 milhões, 14% mais que em 2003. Emílio Salani, presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), diz que as vendas de produtos destinados a bovinos e aves são as principais responsáveis pelo avanço. Trata-se de uma tendência internacional, que ganhou força depois do temor gerado pela ocorrência de casos da doença da “vaca louca” nos EUA e no Japão e da proliferação de focos de influenza aviária na Ásia.

No Brasil, puxa o crescimento do setor em 2004 a comercialização de vacinas contra febre aftosa, que deve somar 340 milhões de doses, ante 328 milhões em 2003. “Os produtores tiveram mais cuidado com a vacinação contra aftosa e, com isso, também houve maior procura por outros produtos para bovinos”, disse Salani. As vendas de produtos para bovinos são o principal negócio da indústria de saúde animal no Brasil, com fatia de 55,6% da receita do setor.

Salani observa que as indústrias, para elevar suas margens de lucro, têm investido na criação de pólos que abastecem todo o mundo com um determinado grupo de produtos. O Brasil concentra a produção de vacinas contra febre aftosa, que do país são exportadas para outros mercados da América do Sul, da Ásia e da África. Na Austrália, por exemplo, as empresas apostam na área de produtos para “vaca louca”. No mercado externo, os produtos para bovinos movimentam cerca de US$ 3,5 bilhões por ano.

A Merial, líder do ranking brasileiro das veterinárias, foi uma das companhias que transformou o país em pólo exportador de produtos para bovinos. Para isso, há um ano a empresa inaugurou um complexo de Paulínia (SP), que recebeu aporte de US$ 10 milhões.

A fábrica, que produz 100 milhões de doses por ano e tem capacidade para 200 milhões, foi montada para se tornar o pólo de exportação da família Ivomec (carro-chefe da empresa no segmento de animais de produção) para América Latina, África do Sul e Oceania.

Neste ano, a empresa espera ampliar seu faturamento em 13%, para até R$ 235 milhões. Desse total, 70% virão das vendas de produtos para bovinos, que neste ano devem crescer 6%. “O problema da ”vaca louca” nos EUA renovou as esperanças de o Brasil elevar as exportações de carne bovina, o que de fato aconteceu, e isso ajudou a aquecer o mercado de saúde animal”, afirmou Jorge Enrique Solé, presidente da Merial no país.

A Fort Dodge Saúde Animal, por sua vez, espera incremento de até 9% em seu faturamento brasileiro em 2004, ante os R$ 108 milhões de 2003. Cerca de 60% das vendas virão dos produtos para bovinos. Diptendu Mohan Sen, presidente da empresa no Brasil, observa que o crescimento será menor que o de 2003, que foi de 21%. Isso porque a empresa deixou de vender algumas linhas importadas dos EUA. “O Ministério da Agricultura impôs regras fitossanitárias ao país por causa da ”vaca louca” e isso provocou a redução das vendas de algumas linhas”, afirmou Sen.

Ele informou que a companhia investiu US$ 3 milhões neste ano para modernizar sua fábrica em Campinas (SP). “Estamos trabalhando para fazer da subsidiária um pólo de exportação para América Latina, Ásia e África”. As exportações, segundo Sen, estão em torno de US$ 10 milhões por ano, mas a meta é elevar em 50% este valor com o início da produção de linhas para atender ao mercado externo.

Jorge Espanha, diretor da divisão de saúde animal da Pfizer no Brasil, disse que as vendas da empresa devem crescer 10,7% em 2004, também graças à demanda por produtos para pecuária bovina. “Houve crescimento na procura por produtos voltados à reprodução assistida”. A pecuária responde por 62% dos negócios da Pfizer no país. As vendas de produtos para animais de companhia (“pets”) correspondem a 12% e o restante é dividido entre aves, suínos e eqüinos. O negócio de saúde animal representa 23% da receita da Pfizer no Brasil, que no ano passado foi de US$ 45 milhões.

No mundo, os produtos para bovinos movimentam US$ 1,7 bilhão por ano, perdendo para animais de companhia (US$ 4,835 bilhões) e suínos (US$ 2,145 bilhões) e superando aves (US$ 1,45 bilhão) e ovelhas (US$ 665 milhões).

Conforme o Sindan, outro destaque nas vendas brasileiras neste ano é a área de aves, cuja receita deve crescer 121%, para US$ 149,3 milhões. Salani afirmou que o aumento deve-se principalmente ao salto das exportações de vacinas por conta dos casos de gripe aviária registrados em países da Ásia.

A Merial, por exemplo, investiu US$ 1,5 milhão em 2004 na unidade de produtos para aves em Paulínia, que começa a produzir uma nova linha de vacinas para exportação em 2005. Para este ano, a empresa estima alta de 6% nas vendas de produtos para avicultura. O segmento responde por 12% da receita da empresa. “Esse aumento deve-se principalmente à maior produção de vacinas para frangos e poedeiras produzidas no Brasil”, disse o presidente Jorge Solé.

A americana Elanco, divisão da Eli Lilly, também anunciou investimento de US$ 3 milhões na fábrica em Cosmópolis (SP) para ampliar a produção de um medicamento contra a coccidiose aviária e de um aditivo alimentar para bovinos. Jacó Vandir Tormes, diretor de negócios e assuntos corporativos da empresa no país, adiantou em entrevista recente que a Elanco já planeja a entrada no mercado brasileiro de “pets”.