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O campo em 2005

CNA e Cepea confirmam cenário adverso para o próximo ano.

Da Redação 17/12/2004 – O atual cenário de queda das cotações de grãos, aumento de custos e escassez de crédito deverá resultar, em 2005, em menor crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária, queda das exportações e do superávit comercial do agronegócio e problemas envolvendo o endividamento dos produtores. Essas são as principais conclusões de relatório divulgado nesta quinta-feira por Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq). Alerta a CNA que com esse quadro – que vem sendo pintado há meses -, a palavra de ordem para 2005 é prudência.

O PIB da agropecuária deverá crescer 3% em 2004, ante 16% no ano passado. Com isso, o PIB global do agronegócio também deverá avançar menos: a estimativa aponta para R$ 524,5 bilhões neste ano, 3,2% mais que em 2003, quando a alta apurada chegou a 6,5%. Calculam CNA e Cepea que a diminuição do ritmo de crescimento terá reflexo sobre a participação do agronegócio no PIB total do país, que tende a cair de 31% para 30,4% na mesma comparação. Para 2005, apesar da produção recorde de grãos e do panorama positivo para as carnes, a renda da agropecuária deverá subir 2,2%.

No caso da balança comercial, CNA e Cepea estimam que as exportações do agronegócio deverão alcançar US$ 38 bilhões em 2004, ante US$ 30,6 bilhões em 2003, num salto estimulado tanto pelo aumento dos volumes embarcados quanto pela recuperação dos preços médios de alguns produtos, principalmente no primeiro semestre (caso da soja) O superávit do campo tende a subir de US$ 25,8 bilhões para US$ 33 bilhões na comparação. Os destaques deste ano foram os complexos soja (grão, farelo e óleo), com exportações de US$ 10 bilhões, e carne (bovina, suína e de frango), com US$ 6 bilhões. Para 2005, a tendência é de queda de exportações, para US$ 30 bilhões – só o complexo soja deverá perder US$ 1 bilhão -, e de superávit, para US$ 30 bilhões.

CNA e Cepea também informaram que, em 2004, “o setor rural bateu recordes na geração de empregos”, apesar da queda da renda em alguns segmentos. A expectativa para o acumulado do ano é que sejam gerados até 100 mil novos empregos no campo, ante os 58 mil de 2003. Dado o cenário desfavorável para o ano que vem, a CNA admite que o ritmo de aumento de empregos, crescente nos últimos cinco anos, tende a ser quebrado.

Também há preocupação em relação ao volume de crédito rural com juros controlados disponível para 2004/05. Foram disponibilizados R$ 17,7 bilhões, ante R$ 16,4 bilhões em 2003/04. No caso dos créditos com juros livres, os recursos alocados devem aumentar de R$ 5 bilhões para R$ 11,05 bilhões.