O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de São Paulo (LFDA-SP) confirmou três novos casos positivos para influenza aviária (H5N1) no estado de Espírito Santo (ES). Com esses novos registros, o número de casos confirmados em aves silvestres sobe para oito. O contágio crescente acende um alerta no setor avícola e gera dúvidas sobre formas de controle.
Em entrevista para a TV Gessulli, em março deste ano, o especialista em medicina veterinária, Luiz Sesti, alertou sobre os riscos da aceleração dos contágios. “Devemos lembrar da primeira onda forte de influenza aviária nos Estados Unidos em 2014 e 2015, quando milhões de aves comerciais foram sacrificadas ou morreram devido à doença”, pontua.
Para elucidar o cenário, Sesti explica que a doença chegou à América do Sul em outubro de 2022, quando foi diagnosticado o primeiro caso do vírus H5N1 de alta patogenicidade no México. Em seguida, aves silvestres positivas foram detectadas na fronteira entre Panamá e Colômbia, e a enfermidade se espalhou por países como Peru, Equador, Bolívia, Venezuela e Chile.
Diferentemente da primeira onda em 2014, o especialista explica que a situação atual é caracterizada pela falta de sazonalidade da doença. As aves silvestres estão se contaminando mais rápido do que antes, o que indica uma maior pressão de infecção entre essas espécies migratórias. Isso possibilita que o vírus se adapte melhor às aves silvestres, vivendo mais tempo e sendo disseminado com mais facilidade.
Controle sanitário: pauta prioritária
Diante desse cenário, o controle da influenza aviária torna-se uma prioridade. Sesti explica que o México adotou a vacinação como medida rápida de combate à doença, visando a segurança alimentar. No Brasil, a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) apoia estudos sobre a vacinação contra a gripe aviária e defende que não haja restrições comerciais para os países que adotarem essa medida.
A entidade ressaltou, em nota recentemente divulgada, que a decisão sobre a vacinação será estritamente do Ministério da Agricultura, por meio do Plano Nacional de Sanidade Avícola. O assunto está em discussão durante a 90ª reunião da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), realizada na França. Em recente declaração, a Organização salientou que os governos devem analisar a possibilidade de vacinar aves contra a gripe aviária.
O secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart, declarou que o Brasil é contrário à vacinação das aves, mas a pressão para reavaliar essa posição aumenta com os recentes casos de influenza aviária no país.
Confira a entrevista sobre influenza aviária concedida pelo especialista Luiz Sesti para a TV Gessulli em março deste ano: