Redação AI 17/01/2003 – A Seara Alimentos, empresa controlada pelo grupo Bunge, vai investir R$ 12 milhões para colocar em operação uma segunda linha de produção em sua fábrica de processados de frango de Itapiranga (SC). A unidade, que produz hoje 8 mil toneladas anuais, passará a ter uma capacidade de 20 mil toneladas/ano para produzir processados de frango como nuggets, cortes temperados e empanados.
A previsão é que a nova linha de produção esteja pronta até julho, diz o presidente da Seara, Júlio Cardoso. Hoje, 70% dos volumes produzidos em Itapiranga são exportados. Os principais destinos são Europa e Ásia. A expectativa é que esse percentual chegue a 90% quando a produção estiver em 20 mil toneladas anuais, no fim de 2004.
Segundo Cardoso, o investimento em Itapiranga foi antecipado porque a fábrica atingiu a capacidade total um ano antes do esperado – em dezembro passado – devido ao crescimento das vendas para Ásia e Europa.
Outro motivo que precipitou o investimento em Itapiranga foi a medida da União Européia que alterou a descrição alfandegária, elevando de 15,4% para 75% o imposto de importação de cortes de frango salgado. A decisão encareceu o produto, um dos mais exportados pelos frigoríficos brasileiros. Ao investir na maior produção de processados, a Seara tenta driblar as restrições européias. Além de maior valor unitário, esses produtos têm taxa de importação de 15%, menor que as do corte salgado, o que melhora a margem do exportador.
Frango para os EUA – A ampliação da fábrica de Itapiranga também vai facilitar o acordo da Seara com a americana Tyson Foods – para fornecimento de processados de frango – em fase final de negociação. Cardoso faz questão de dizer que a ampliação ocorreria mesmo sem o acordo com a empresa americana, mas reconhece que as linhas de produtos para atender à Tyson serão feitos em Itapiranga. “Os volumes envolvidos no acordo correspondem a apenas 5% da fábrica ampliada”, afirma.
Pelo acordo, a Seara produzirá processados de frango para a Tyson fornecer para os restaurantes da rede Burger King na Europa. A Tyson não pode exportar diretamente para o continente europeu porque os EUA não têm acordo sanitário nessa área com a UE.
O presidente da Seara diz que a empresa ainda está negociando com Tyson e Burger King, mas espera que os primeiros embarques sejam feitos no primeiro trimestre deste ano.
Além de mais do que dobrar a produção em Itapiranga, a Seara também planeja ampliar o abate de frango em Itapiranga, hoje em 150 mil aves/dia, para 220 mil aves ainda este ano, se o mercado continuar a crescer. Isso demandará um investimento adicional, mas não pesado, segundo Júlio Cardoso. Outro plano é criar é um terceiro turno de produção no início de 2004.
As dificuldades que a Europa começou a impor ao frango brasileiro no último ano fazem Cardoso ficar cauteloso quanto às perspectivas para 2003. Ele espera, porém, continuar avançando nas exportações, mas em ritmo mais lento. No ano passado, as vendas externas corresponderam a 72% da receita bruta da Seara. Em 2001, esse percentual era de 63%. Para 2003, a expectativa é que as exportações cheguem a 75% do faturamento.