A companhia tem abatedouro de aves em Cascavel (PR) e Xaxim (SC) e de suínos em Chapecó (SC) e Santa Rosa (RS
).A opção arrendamento surgiu diante da situação financeira do frigorífico controlado pelo grupo argentino Macri nos últimos meses e com o agravamento da crise mundial, o que dificultaria o investimento por parte de grandes empresas. No fim de janeiro, a empresa suspendeu o alojamento de aves em Cascavel (PR) e vai paralisar o abate na unidade entre o fim deste mês e abril. A explicação da Chapecó é o alto custo dos grãos para ração atualmente. A expectativa é que os preços estejam em patamares mais baixos a partir de março, quando planeja voltar a alojar. O Banco Fator, um dos advisers, preferiu não comentar a proposta.
Credores e acionistas querem encontrar uma saída rápida para a empresa já que o BNDES, que tem 30% do capital da Chapecó e atua nas negociações, pode passar por mudanças com a nova direção.
O Valor apurou que o arrendamento é considerado uma boa alternativa pelos advisers e pelo BNDES. Durante o período de arrendamento, o pagamento de funcionários e fornecedores ficaria sob responsabilidade do arrendatário, que pagaria um valor à Chapecó pela prestação de serviços. Isso daria fôlego para a empresa honrar seus débitos. Procurada, a diretoria da Chapecó não respondeu às ligações.
Paralelamente às conversações para arrendar todas as unidades, os bancos e direção da empresa estudam a proposta da paranaense Globoaves para arrendar apenas a unidade de Cascavel por dois anos. A empresa, que é a maior produtora individual de pintos de corte do país, já arrendou a unidade de Cascavel em 1999, meses após a Chapecó pedir concordata. Logo depois, o frigorífico foi adquirido pelo grupo argentino Macri.
A Globoaves é uma das fornecedoras da Chapecó. Além de pintos de corte, fornece ração aos integrados da empresa. Dessa forma, ela também está sendo afetada pela paralisação em Cascavel. Pela proposta apresentada pela Globoaves, o abate diário de 170 mil aves seria mantido, assim como os 422 produtores integrados e cerca de 550 funcionários do abatedouro.
Fontes do setor citam a gaúcha Avipal como outra interessada em arrendar a unidade de Xaxim. O diretor de relações com o mercado da Avipal, Franciso Ávila, diz desconhecer qualquer negociação.
Os credores e a Chapecó não descartam o arrendamento em partes, mas a preferência é por um negócio que envolva todas as unidades e que seja o embrião de uma futura venda ou fusão da empresa. O arrendamento das unidades para um player que não tenha interesse em negociar uma fusão ou compra futura só ocorreria em “uma situação extrema”, segundo fonte próxima à negociação.
No caso de não haver interesse de compra pelo arrendatário, o contrato teria uma cláusula prevendo a sua rescisão antes do término na eventualidade de surgir um interessado em comprar a empresa, explica a fonte.
A alternativa arrendamento funcionará como um complemento ao plano para capitalização da Chapecó, que prevê a conversão das dívidas de longo prazo (US$ 134 milhões) em ações. O plano prevê ainda a saída do grupo Macri do controle da empresa, o que Francisco Macri já se comprometeu a fazer.