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Opinião: Como explicar a crise em que vive a suinocultura?

Por Gilberto Moacir da Silva, presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS).

Redação SI 28/05/2003 – “A excelente safra de milho 2000/2001 proporcionou prejuízo para o milhocultor, por outro lado, ao suinocultor e a agroindústria integradora, serviu de estímulo para alojar ainda mais matrizes, já que o preço médio do milho, em 2001, foi de R$ 10,15/60kg, o farelo de soja a R$ 0,44/kg e preço médio pago pelo kg de suíno vivo (integração) ficou em R$ 1,22, (sem a inclusão do valor da bonificação por tipificação de carcaça). Pelos parâmetros acima indicados constatamos que 2001 foi um bom ano para a suinocultura gaúcha.

No ano de 2002, tivemos quebra na safra de milho, e o cereal fechou o ano a um preço médio de R$ 17,45/60 kg o que representou uma elevação de 71,92%. O farelo de soja aumentou 22,73%, enquanto que o preço médio anual do kg do suíno vivo ficou em R$ 1,21, apresentando uma queda de 0,82%, comparado com igual período de 2001. O suinocultor fecha o ano amargando uma grave crise com prejuízo de R$ 50,00 por suíno terminado.

No 1o. quadrimestre de 2003 estamos verificando a mesma dificuldade já apresentada em 2002, ou seja, o custo de produção para 20 terminados matriz/ano em R$ 1,85kg e o preço médio do kg de suíno vivo em R$ 1,46 o que significa dizer que estamos pagando, e muito caro, para produzir a leve e saborosa carne suína.

A exportação brasileira de carne suína em 2002 foi de 476 mil toneladas, representando um aumento de 79,46%, comparado com 2001. Logo, vendemos muita carne para o exterior. Mesmo assim, no mercado interno temos mais oferta de carne suína do que procura, o que, em parte, se deve ao baixo poder aquisitivo do consumidor brasileiro e o elevado preço praticado por determinados cortes de carne suína oferecidos nos supermercados. Está aí uma das razões pela grave crise vivida pelo suinocultor.

O crescimento do número de matrizes alojadas no meio criatório suinícola, nos últimos anos, fez com que tivéssemos uma grande oferta de suínos terminados, tendo como conseqüência a baixa do preço do suíno ao produtor.

Face a estas constatações, vislumbramos como uma das saídas, o ajuste do mercado produtor, ou seja, a produção e o consumo devem caminhar de forma equilibrada para que toda a cadeia produtiva possa auferir resultados positivos pela atividade que desenvolve. (Anexo planilha de preços médios anuais do suíno integrado, milho, farelo de soja e custo de produção para 20 terminados matriz/ano e exportação brasileira de carne suína de 1999 a 2003)”.