Da Redação 03/09/2003 – Além dos bons números da produção agrícola e da expectativa de superávit recorde na balança comercial no ano, é do campo que vem outra boa notícia para o governo Luiz Inácio Lula da Silva: o nível de emprego formal cresceu. Entre janeiro e junho de 2003, 589 mil pessoas foram contratadas para trabalhar em atividades da “porteira para dentro”. Os números, levantados pelo Cadastro Geral do Emprego e Desemprego (Caged), do Ministério do Trabalho, não indicam as contratações em agroindústrias ou na logística para escoamento da safra. Em igual período de 2002, as contratações nas fazendas somaram 552 mil empregos.
“A mecanização não chegou a todas as propriedades. Boa parte da colheita de café e das culturas de verão ainda é manual”, explicou assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luciano Carvalho, que analisou o levantamento do Caged.
A safra 2002/03 recorde de grãos de 120,160 milhões de toneladas e a colheita de até 29,727 milhões de sacas de café em 2003/04 incentivaram as contratações de trabalhadores no campo.
Setor é responsável por 11,7% do total das admissões
O setor agrícola foi responsável por 11,7% do total das admissões no acumulado do primeiro semestre de 2003, mostram os números Caged divulgados pela CNA. “Ao contrário dos demais segmentos da economia brasileira, a agricultura comercial apresentou surpreendente crescimento de 17,92% no saldo de empregos gerados no primeiro semestre deste ano, o que equivale à manutenção de 205 mil postos de trabalho”, explicou Luciano Carvalho. No mês de junho, apontam os números, foram admitidos mais de 125 mil novos empregados no setor rural, segmento que apresentou a maior taxa de variação do emprego, de 5,09%. A região Sudeste respondeu por 71% dessas contratações.
No acumulado entre maio de 2002 e junho de 2003, o setor agropecuário admitiu 987.857 pessoas e demitiu 948.575. O saldo positivo no acumulado é de 38.465 empregados, informou Carvalho.
Uma das características da atividade agrícola é a rotatividade de mão-de-obra, motivada principalmente pelos ciclos biológicos das culturas e das criações. Para os próximos meses, ele prevê queda no número das contratações, resultado do fim da colheita da safra agrícola. “A partir de agosto, começa o preparo do solo para plantio da próxima safra, procedimento mecanizado. O período mais crítico de contratação é outubro”, completou.
A queda na contratação ocorre nos principais centros agrícolas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Em 2002, no balanço entre contratações e demissões, o saldo é positivo em 40.579 vagas. Não há estimativas para 2003, mas ele lembrou que o resultado do último ano é bom. “A idéia é que o setor primário libere mão-de-obra para outras atividades, mas os números mostram o contrário. O emprego no campo tem crescido”, afirmou. Os empregos formais representam 40% das vagas no setor agrícola, calculou.