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Milho mais caro

Seca no Sul ajuda recuperação do preço do grão até 2004.

Da Redação 06/10/2003 – 03h05 – A estiagem que afeta boa parte das regiões do Estado de Santa Catarina atrasou o plantio de milho, o que deverá elevar a cotação do grão acima do esperado pelo setor. A estimativa é de que a cotação do grão registre um aumento de entre 10% e 20% no início de 2004, passando da média atual de R$ 16,50 a saca de 60 quilos para cerca de R$ 17,50 a saca, segundo o analista do setor, Vlamir Brandallize.

Com a falta de chuvas, o plantio começará tardiamente e, dessa forma, a colheita de verão terá início com pelo menos um mês de atraso, segundo o técnico da divisão de Suínos e Aves da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Júlio Palhares.

O fato permitirá que o preço do milho – que se encontra em baixa em função do excesso de oferta e dos estoques cheios em função da supersafra de 47 milhões de toneladas – se mantenha firme até o final do ano, ao invés de registrar queda.

Além de aquecer os preços, o atraso permitirá que os produtores que ainda têm milho em estoque – aguardando melhores preços – escoem sua produção excedente.

Há dois anos, segundo Palhares, o Estado enfrentou uma estiagem ainda pior do que a atual. “Na época, muitos produtores perderam parte da plantação e muitos animais morreram por falta de água”, afirma o técnico da Embrapa Suínos e Aves.

Segundo Palhares, as aves podem até ficar um longo período sem ração, entretanto, a água é essencial para sua sobrevivência. Por isso, as prefeituras locais de Santa Catarina levam, atualmente, caminhões-pipa às regiões onde há falta. A iniciativa tem por objetivo abastecer os pequenos produtores de aves e suínos do Estado. Já as grandes empresas, segundo ele, estão se mantendo com seus reservatórios próprios ou comprando água de outras regiões onde a escassez não é ainda tão forte.

Nas últimas semanas, o índice pluviométrico no Estado de Santa Catarina tem sido em torno de 80 milímetros por mês, ante a média do ano passado que foi em torno de 200 milímetros/mês, segundo o diretor da Federação de Agricultura do Estado, Enori Barbieri.

“De acordo com as previsões climáticas, as chuvas suficientes para o início do plantio deverão ocorrer já na próxima semana”, afirma Barbieri. Segundo ele, a situação não chega a preocupar o setor agrícola, uma vez que há previsão de chuva. “Não há motivo para alardes. Até o final deste mês a situação volta a se normalizar.”

Suínos e aves

A notícia de que o preço do milho deverá subir novamente no próximo ano – como ocorreu em 2002 – volta a ameaçar os setor da avicultura e suinocultura, cujos custos de produção dependem da cotação do grão, base da alimentação de aves e suínos.

No ano passado, os dois setores amargaram prejuízos em razão de o grão subir mais de 50% no mercado interno.

O consumo de ração à base de milho representa cerca de 60% dos custos totais de produção de suínos e aves.

Portanto, para 2004, o setor agrícola deverá encontrar novamente produtores de aves e de suínos insatisfeitos e com baixa remuneração.
Apenas os produtores que conseguirem manter estoques neste ano poderão segurar os seus custos até o início da safrinha de verão.

A estimativa é que a cotação do grão registre um aumento de até 20% no início do próximo ano.