Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Globoaves e Alibem assumem 2 unidades da Chapecó

O diretor do frigorífico, Celso Schmitz, informou que a empresa assinou compromisso de compra e venda, com prévio arrendamento, com a paranaense Globoaves e a gaúcha Alibem, para as unidades de Cascavel (PR) e Santa Rosa (RS).

Da Redação 08/12/2003 – 07h10 – A agonia da Chapecó Alimentos pode estar chegando ao fim. O diretor do frigorífico, Celso Schmitz, informou, na sexta-feira, que a empresa assinou compromisso de compra e venda, com prévio arrendamento, com a paranaense Globoaves e a gaúcha Alibem, para as unidades de Cascavel (PR) e Santa Rosa (RS), respectivamente. Os contratos para a venda das outras duas fábricas da empresa, em Xaxim e Chapecó, em Santa Catarina, estão em elaboração, mas Schmitz não revela as empresas envolvidas.

O fatiamento, solução encontrada para a crise do frigorífico do grupo argentino Macri, era a última opção desejada pelo BNDES, acionista e principal credor da Chapecó.

A Globoaves, em parceria com a Sadia, já arrenda o abatedouro de aves de Cascavel desde maio deste ano e agora assinou contrato para compra da unidade por R$ 24 milhões. Pelo abatedouro de suínos de Santa Rosa, a Alibem vai pagar R$ 21,5 milhões, segundo Schmitz.

O contrato contempla arrendamento prévio porque a Chapecó continuará renegociando as dívidas com credores e fornecedores. Só depois que eles aceitarem o acordo, que prevê deságios nos débitos, é que a operação de venda poderá ser concluída. Além disso, a Chapecó também tem de regularizar seu passivo fiscal. “A empresa está em situação falimentar. Se não houver adesão total, o arrendamento continua, mas as unidades não poderão ser vendidas”, explicou.

A Chapecó tem mais de R$ 1 bilhão em débitos: R$ 890 milhões com bancos, R$ 80 milhões com fornecedores, R$ 10 milhões com funcionários e R$ 35 milhões em impostos. Há ainda contingências estimadas em R$ 35 milhões.

O plano de reestruturação das dívidas desenhado pelo Banco Fator prevê deságio de 96,8% nos débitos com bancos. No caso dos fornecedores, as dívidas acima de R$ 100 mil teriam desconto médio de 70%. O BNDES reiterou, por meio de sua assessoria de imprensa, a disposição de dar o desconto de 96,8% na dívida. Só para o BNDES, a Chapecó deve R$ 560 milhões.

A renegociação com bancos e fornecedores será retomada a partir de agora, segundo Schmitz. Ele informou que, enquanto as dívidas estiverem sendo renegociadas, as unidades ficarão arrendadas para Globoaves e Alibem. As empresas pagarão aluguéis mensais que, posteriormente, serão descontados do valor de aquisição. O executivo admitiu que os contratos resolvem apenas a questão social que o fechamento das unidades representa, mas o problema econômico persiste.

A partir de terça-feira, a Alibem irá retomar os abates em Santa Rosa, segundo o diretor da Chapecó. A unidade, que tem capacidade de abate de até 2.300 suínos/dia, deve gerar 500 empregos e a parceria com 150 suinocultores espalhados por 22 cidades da região.

O destino das plantas de Xaxim e Chapecó deve ser anunciado esta semana. Segundo Schmitz, há mais de uma proposta de compra para cada uma das fábricas. Ele não revela nomes, mas fontes do setor comentam que haveria interesse por parte de Avipal, Aurora e Globoaves.

O diretor informou que a soma da venda das quatro unidades ficará “um pouco acima” dos R$ 175 milhões que a Coinbra, do grupo francês Dreyfus, queria pagar pela Chapecó. Mês passado, a empresa desistiu da compra após oito meses de negociação.