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Alta do dólar eleva custo de produção de frangos e ovos

A disparada do dólar, a partir de junho, está elevando os custos de produção da avicultura brasileira.

Redação AI 16/07/2002 –A disparada do dólar, a partir de junho, está elevando os custos de produção da avicultura brasileira. Em Alagoas, pelos cálculos dos suinocultores e avicultores, produzir frangos, ovos e suínos está pelo menos 10% mais caro.

Isso porque a ração, que representa cerca de 65% dos custos de produção, aumentou entre 15% e 20% nos últimos 40 dias só com o impacto do dólar na composição dos preços agrícolas.

Em valores reais, o maior aumento foi o do farelo de soja. O preço da tonelada de farelo de soja, posto em Alagoas (no Sul custa R$ 80 a menos por causa do frete), subiu de R$ 510 no início de junho para R$ 650, esta semana. Alta de quase 30%. O farelo de soja representa 20% da ração, o milho 60% e os outros 20% são compostos por farelo de trigo, calcário, sal e vitaminas.

Em percentual, o farelo de trigo teve a maior alta. O saco subiu de R$ 4,8 para R$ 6,5 no mesmo período, um reajuste superior a 30%.

A soja e o trigo têm preço internacional, podendo ter variação diária, de acordo com o fechamento do dólar. O milho, embora tenha preço nacional, também sofre influências da variação cambial.

Mercados

Principal produto da ração, o milho também aumentou nos dois mercados o controlado pelo governo, que subsidia através da Conab, R$ 3,20 por saco de milho da região Centro Oeste, custava a 40 dias entre R$ 15,8 e R$ 16 e hoje oscila de R$ 17 a R$ 17,20. Já o milho de mercado, direto do produtor, está valendo entre R$ 18 a R$ 18,50.

Quem plantou milho este ano em Alagoas vai ganhar dinheiro. O milho em outubro deve estar valendo entre R$ 19 a R$ 20, aposta o secretário da Associação dos Avicultores e Suinocultores de Alagoas (Avisal), Aluisio Righetti.

Mas para compensar o aumento de custo de produção da ração, que aumentou, pelos cálculos da Avisal, de R$ 350 para R$ 420, por tonelada, o produtor terá de encontrar meios para melhorar o preço de venda do seu produto.

No caso do ovo, o preço da caixa de 30 dúzias subiu um pouco, de R$ 33 para R$ 36. Nós estamos acreditando que deve subir um pouco mais. Esse reajuste, no entanto, é resultado do aumento da procura e não tem nada a ver com a alta dos custos, explicou.
Segundo Righetti, além do reajuste da ração, os produtores ainda enfrentaram nos últimos meses aumento da mão-de-obra, do frete, da embalagem, dos custos com transportes da produção, da energia e telefone, entre outros.

A ração representa de 60% a 65% dos custos de produção do ovo, frango e suíno. Apesar disso, o aumento do custo não significa aumento do preço do produto final. O valor do nosso produto é ligado diretamente ao mercado da oferta e procura. Vamos ter de melhorar nossa receita e reduzir as despesas. Não adianta chegar ao mercado e dizer o milho subiu, vou subir o preço do ovo ou do frango, afirmou Righetti.

Frango

A situação mais grave, segundo o vice-presidente da Avisal, Antônio Brandão, é o produtor de frango de corte. O preço de frango hoje está cotado entre R$ 1,25 e R$ 1,30 por quilo. Se for um R$ 1,30 na granja, dá para empatar. Menos do que isso é prejuízo, ressalta.
A crise só não é mais grave, segundo Brandão, porque os preços se recuperaram um pouco nos últimos dias. Chegamos a perder mais de R$ 1,00 por frango. Há 40 dias teve produtor vendendo o quilo de frango na granja a R$ 0,80 por quilo, com custo a R$ 1,25. Como o peso do frango varia de 2,5 Kg a 3 Kg, teve produtor perdendo até R$ 1,30 por cabeça, lamentou.

Apesar da recuperação dos preços, a quebradeira no setor, conforme Brandão, continua. Lá em Viçosa, que ainda é um dos maiores centros de avicultura de Alagoas, há muitos produtores que cancelaram o alojamento de pintos. Muitos já fecharam as granjas.

Dessa vez até os maiores já estão suspendendo os pedidos de pintos de um dia, relatou.

Mesmo com as dificuldades, Antônio Brandão dá uma dica importante. O mercado deve melhorar. A quebradeira também está atingindo Pernambuco e, se continuar assim, logo vai faltar produto no mercado e os preços devem se recuperar.