Redação AI 15/10/2002 – O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), Claudio Martins, disse que a decisão da Comissão Européia de testar 100% das cargas de frango brasileiro pode ser revertida. “A decisão publicada prevê mudança na determinação, caso o governo apresente garantias. E o governo apresentou garantias no final de semana.”
A Abef não teve acesso à proposta do governo brasileiro para a UE, segundo o executivo. O governo teria proposto a cassação do registro de exportação das empresas em cujos produtos foram encontrados resquícios de nitrofurano, antibiótico proibido no bloco por suspeitas de associação com casos de câncer em humanos.
A União Européia publicou em diário oficial a decisão de testar toda a carga de carne de frango do Brasil, depois que antibióticos proibidos foram encontrados em amostras testadas em diferentes ocasiões. Os primeiros testes positivos foram registrados em março último na Irlanda.
No final de maio, os testes acusaram a presença do nitrofurano em um lote de preparados de frango produzidos pela Perdigão na unidade de Maraú (RS), sob o registro do SIF 2014, e um lote de peito de frango produzido pela empresa na unidade de Capinzal (SC), sob SIF 466. Outros testes citam ainda carne de frango da Perdigão e da Sadia, com testes positivos para a furaltadona, substância também conhecida por prevenir a coccidiose nos frangos e igualmente proibida no bloco.
Os resultados podem ser vistos no endereço da Agência de Padrões de Alimentos do Reino Unido na internet: www.food.gov.uk/multimedia/webpage/chickencold. Segundo a Abef, além da Perdigão, a UE teria informado registro de nitrofurano em carne de frango da Coopervale e da Penasul.
Segundo o diretor-executivo da Abef, Claudio Martins, o teste de cada carga brasileira de carne de frango vai causar o atraso de 15 a 20 dias na liberação do produto para o importador. Ele admitiu que o frango brasileiro pode perder valor no mercado mundial. “Estamos apostando numa solução, mas evidentemente pode haver esse tipo de problema.”
A associação ainda não calculou o prejuízo que a medida pode acarretar para o setor. Para o diretor-presidente da Doux Frangosul, José Augusto Lima de Sá, o Brasil pode perder US$ 15 milhões por mês com a retenção para testes de 100% da carga de frango.
Lima de Sá tomou como exemplo os prejuízos causados à Tailândia, que estaria sofrendo há três meses com barreira semelhante, decorrente também da descoberta de nitrofurano em amostras de frango. “O produto tailandês perdeu US$ 700 por tonelada em valor de mercado”, disse.
Além de perder valor, a carne de frango retida sofre com o aumento do custo de frete, já que o navio fica parado no porto vários dias até a conclusão dos testes nas amostras de cada carga.