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Agroindústrias competem no exterior

As agroindústrias brasileiras têm aumentado a presença no exterior. Empresas como Sadia e Perdigão investem em redes de distribuição na Europa e Oriente Médio.

Da Redação 16/12/2002 – Depois de um processo acelerado de desnacionalização das agroindústrias brasileiras nos últimos anos, as companhias agrícolas partem para a internacionalização de seus negócios. O Grupo Cosan, maior exportador individual do País, define em janeiro sua participação acionária na multinacional francesa Béghin-Say. A Sadia e Perdigão também estão mais agressivas exterior, com a ampliação de parcerias estratégicas no mercado internacional em 2003.

“Competitivas e com os menores custos de produção do mundo, as agroindústrias brasileiras precisam ter uma marca e centro de distribuição fortes no exterior”, diz Basílio Ramalho, analista de alimentos do Unibanco.

Parcerias firmes
Os investimentos das empresas brasileiras, segundo Ramalho, são feitos por meio de parcerias estratégicas com companhias internacionais, que têm forte poder de distribuição no mercado internacional.

Para Wang Wei Chang, vice-presidente de finanças, controladoria e de relações com investidores da Perdigão, as exportações de carnes deixaram de ser uma alternativa de receita para a companhia para se tornar um negócio estratégico da empresa. “Estamos eliminando a figura do broker como intermediário nas negociações de nossos produtos no exterior”, diz.

Com três escritórios internacionais – em Dubai, Bolonha e Amsterdã -, a Perdigão concentra suas expectativas na BFF (Brazilian Fine Foods), ex-trading BRF, que mantinha em parceria com a Sadia para o mercado russo. As exportações de frango representam atualmente cerca de 40% do faturamento da agroindústria.

Para Ramalho, analista do Unibanco, o primeiro passo das agroindústrias era manter uma trading como intermediária nos negócios externos. “A estratégia agora é criar escritórios de representação e ter uma linha forte de distribuição. A principal vantagem é maior margem de lucro nas vendas”, diz.

Maior exportadora de carne bovina do País, a Bertin mantém um escritório no Chile, onde tem uma relação estreita com os seus consumidores. Os frigoríficos querem ainda formar uma aliança para aumentarem a presença no exterior.

Com o fim da parceria com a Perdigão, a Sadia vai manter seus escritórios internacionais e concentrará suas operações na Europa, onde já possui uma importante rede de distribuição, por meio da Concordia Ltd., joint venture fechada com a inglesa Sun Valley, subsidiária da norte-americana Cargill. A aliança é estratégica para a companhia brasileira fincar seus negócios na Europa. A Sun Valley é a maior fornecedora na Europa de produtos à base de frango para o McDonalds. “Não se justifica fazer investimentos em linhas de produção porque as agroindústrias brasileiras têm os menores custos de produção. Elas precisam de marca forte e de distribuição”, afirma Ramalho.

O analista cita como exemplo o acordo comercial fechado entre a mineira Coteminas e a trading norte-americana Springs. Com a parceria, a empresa brasileira tornou o mercado norte-americano seu principal destino de exportação.

Competitividade global
Para Fabiano Guimarães, analista econômico do Rabobank, a internacionalização das agroindústrias brasileiras faz parte da estratégia de ganho de competitividade global. “A expansão é vantajosa para empresas que têm custos baixos.”