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Floricultura dá espaço para suínos e aves

Em Holambra, contraste das flores com a criação de suínos e aves, fornecimento de fardos de feno, produção de laranja e plantio de milho para ração e silagem.

Da Redação 18/12/2002 – É impossível falar de Holambra sem lembrar de suas flores, dizem alguns. Por lá, passam 35% do total comercializado no mercado brasileiro.

Desde que começou a operar em 1989, a Cooperativa Veiling Holambra tornou-se o maior pólo brasileiro de flores e plantas ornamentais. O volume de negócios vem crescendo 15% ao ano e este mês deve alcançar a marca de 80 milhões de unidades vendidas, que representa 16,5% a mais que 2001. A Veiling relaciona-se exclusivamente com atacadistas e conta com 360 clientes e 260 fornecedores (produtores, associados e colaboradores dentro e fora da região de Holambra).

São cerca de 500 espécies em mais de 5 mil variedades diferentes. O sistema de comercialização é o leilão criado nos mesmos moldes do leilão holandês.

Diariamente, o produto é lançado na tribuna a um preço acima do mercado e, à medida que o preço vai caindo, o comprador aciona o sistema de compra para levar o produto. Outra forma de comercialização é a intermediação com venda antecipada e preço fechado. As plantas são mantidas em áreas climatizadas até a liberação para carregamento em caminhões refrigerados.

A produção anual de 600 mil vasos de 15 variedades de crisântemos é apenas mais um detalhe no Rancho Raízes. Hoje, ela contrasta com a criação de suínos e aves, fornecimento de fardos de feno, produção de laranja (20 mil caixas de valência, bahia, pêra coroa e pêra natal) e plantio de milho para ração e silagem. “A nova geração é que trouxe tudo isso”, conta Eduardo Walravens, que prosseguiu com a vocação dos pais na suinocultura, aplicando técnicas modernas de manejo. Hoje, conta ele, o ciclo é fechado com animais confinados. Em 150 dias o porco já pesa 95 quilos, ideal para o abate.

Porcos – Segundo Walravens, a raça dalland produz porcos com menos gordura. Ela é oriunda de melhoramento genético e proporciona crescimento mais rápido. A capa de gordura fica menor que 2 centímetros. Nas baias ficam 250 matrizes com média de 24 leitões em mamada.

Fazendo uso da inseminação artificial em 100% dos animais, a média de parto anual chega a 2,4. A alimentação é de ração controlada por nutricionista e água potável à vontade.

De acordo com ele, o consumo médio de carne suína no Brasil é de 15 quilos.

Por habitante/ano, bem menor que nos países da Europa, onde a média chega a 80 quilos. “É falta de costume. Atualmente a carne é mais magra e o preço no açougue é quase igual ao de boi.”

A proporção de consumo de ovos também é grande. Conforme Walravens no território nacional o consumo é de 70 ovos por pessoa/ano contra 170, em países “desenvolvidos”. Na granja da propriedade há cerca de 105 mil aves. A da raça lohmann LSL produz ovo de casca branca e a isa brown, vermelha. “É preciso ser observador, cuidadoso e gostar de animais”, diz Maritha Domhof, acrescentando que é necessário um funcionário para cuidar de 10 mil aves.

Apesar de comedouro e bebedouro automáticos, o recolhimento dos ovos é manual e diário. “A rotatividade das aves é grande: tem que planejar, comprar os pintinhos de 18 dias para substituir nos galpões”, conta ela.

Após dois anos, a ave é vendida viva para o abatedouro.

Francisco Gunnewiek, marido de Maritha, cuida do plantio do milho que vai virar ração e garantir uma parcela da alimentação dos animais.

Silagem e feno – Outra parte vai para a silagem.
São 25 hectares destinados ao cultivo pelo sistema de plantio direto na palha (PDP). A máquina plantadeira faz os sulcos que recebem semente e adubo. Pelo PDP o solo não é revolvido. Restos de folhagem da cultura anterior conservam a unidade da terra, impedem erosão e ajudam como adubação orgânica. Em um terreno plano de 12 hectares o capim gigs dá vários cortes e se transforma em grandes fardos de feno destinado a venda o ano todo.

Maritha diz que é muito importante adubar a terra, pôr esterco, manter o trator e enfardadeira em ordem para sempre ter estoque. “Cavalos? É hobbie, para passeio de charrete, gincanas de baliza, tambor, laço. Nossos pais faziam tudo com eles. Hoje temos as máquinas”, responde ela. “Para ir a cidade e circular no sítio usamos motocicleta e capacete”, completa Eduardo Walravens. (R.M.S.)