Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Revista

Para fornecer ovos sustentáveis, o Brasil precisa investir em bem-estar animal

Sem regulamentação do poder público, apenas uma pequena parcela das granjas do país aderiu a sistemas alternativos na produção de ovos comerciais; falta de mercado é um dos entraves

Para fornecer ovos sustentáveis, o Brasil precisa investir em bem-estar animal

Em vídeo no seu canal do YouTube, a chef de cozinha e celebridade Paola Carosella aparece segurando nos braços uma galinha. A ave tem até nome – Pinga – e, segundo a ex-jurada do programa MasterChef Brasil, leva uma vida digna e feliz. “E o que é vida digna para uma galinha?”, pergunta, retoricamente, antes de ela mesma responder: “Uma galinha precisa ciscar, ficar solta, ou pelo menos passar algumas horas do dia solta.

Ter acesso à luz do sol  e não crescer dentro de uma gaiola, trancada, com luz artificial”. É só depois de explicar isso para uma audiência de quase 200 mil pessoas – e de terminar de acariciar Pinga – que a festejada cozinheira passa finalmente a ensinar receitas que levam ovos como ingrediente principal.

Paola Carosella não é a única preocupada com a qualidade de vida das galinhas. De acordo com a plataforma Observatório Animal, mais de 150 empresas instaladas no Brasil assumiram o compromisso de abolir nos próximos anos a utilização de ovos provenientes de aves criadas em gaiolas. Algumas são verdadeiras gigantes do setor alimentício: Burger King, Cacau Show, Giraffas, Bauducco, Habib’s, Nestlé, Nissin, Subway e Starbucks. Outras sequer precisaram desse tempo e já completaram a transição. É o caso da Aurora, da fabricante de massas Barilla e da BRF, responsável por mais de 30 marcas.

O bem-estar animal é um dos pilares de uma produção sustentável. Para receber essa chancela, a mercadoria também precisa ser proveniente de uma cadeia “ambientalmente responsável, socialmente justa, economicamente viável e que promova a saúde humana”, conforme define Anna Cristina Souza, gerente de Programa e Políticas Corporativas na Humane Society International, uma das maiores organizações de proteção animal do mundo.

No Brasil, o único fundamento da produção sustentável já regulamentado é o da proteção ambiental. Por isso mesmo, é também o mais adiantado. Hoje, na maioria das nossas granjas, resíduos como medicamentos, pesticidas e dejetos têm destino certo, poupando o meio ambiente da maior parte do impacto. Algumas empresas chegam inclusive a pagar a seus colaboradores como forma de incentivá-los a se enquadrar na estrutura legal.

A questão do bem-estar animal é, por outro lado, orientada apenas pela pressão do mercado. Esse é um dos motivos para não existirem números oficiais a respeito do quanto da produção de ovos comerciais do país acontece fora de gaiolas. As estimativas vão de 5 a 8%.

Confira a matéria completa na Edição 1327 da Revista Avicultura Industrial